Por Geoffrey Smith
Investing.com -- Após os preços do gás natural na Europa recuarem levemente mais cedo nesta quarta-feira, depois que o governo da Noruega interveio para encerrar uma greve deflagrada pelos trabalhadores da indústria de petróleo e gás do país, as cotações voltaram a subir.
Às 10h31 (horário de Brasília), o contrato futuro do gás natural TTF para agosto na Holanda, que serve de referência para a região noroeste da Europa, subia 1,64% a 167,785 euros por megawatt-hora, próxima à máxima do dia.
Embora o valor esteja cerca de 10% abaixo da máxima de quatro meses tocada na terça-feira, representa cerca de oito vezes o nível em que o contrato foi negociado na última década, antes do acirramento das ameaças da Rússia contra a Ucrânia no fim do ano passado.
O governo da Noruega anunciou, no fim de terça-feira, que imporia uma arbitragem obrigatória à disputa salarial entre os trabalhadores do sindicato de Lederne e as empresas de petróleo e gás, após não conseguirem fechar um acordo para as negociações salariais deste ano. Em razão disso, os trabalhadores ameaçaram ampliar a greve, fechando campos que também são essenciais para o fornecimento de gás para o Reino Unido.
O contrato futuro de gás natural no Reino Unido passou a recuar um pouco mais forte após a notícia do fim da greve, caindo 9% para 264 pence por 100.000 BTU. Isso equivale a cerca de quatro vezes o nível predominante do contrato nos últimos cinco anos.
O Ministro do Petróleo e Energia afirmou que era “indefensável interromper a produção de gás na extensão pretendida pela greve nos próximos dias”.
“A produção está caindo drasticamente, e trata-se de um fornecimento altamente crítico numa situação em que a UE e o Reino Unido se encontram totalmente dependentes da sua parceria energética com a Noruega”, declarou a Ministra do Trabalho, Marte Mjøs Persen, em um comunicado.
Analistas dizem que são poucas as chances de os preços recuarem significativamente, caso a Rússia, responsável por um quarto da oferta de gás para a UE no último ano, continue restringindo as remessas.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, alertou, na quarta-feira, que é mais provável que a situação piore antes de começar a melhorar.
“Temos que nos preparar para mais interrupções de fornecimento de gás da Rússia e até mesmo uma parada completa”, declarou von der Leyen ao parlamento da UE.
Ela ressaltou que as instalações de armazenamento de gás da UE estão em torno de 55% da sua capacidade, diante da parada abrupta da temporada normal de injeção de verão, devido aos cortes pela metade da oferta da Rússia à Alemanha e à Itália.
Em um ano normal, o bloco usaria as importações russas durante o verão para completar as instalações de armazenamento, em preparação para a temporada de calefação de inverno. Sua incapacidade de fazê-lo neste verão aumentou sensivelmente o risco de que os estados membros, com destaque para a Alemanha, tenham que impor um racionamento durante o pico do inverno.