SÃO PAULO (Reuters) - A região do sul de Minas Gerais e da Mogiana paulista, que representa cerca de metade da produção de café arábica do Brasil, terá problemas sérios de qualidade após cerca de 20 por cento dos grãos maduros terem caído no chão com chuvas em maio, afirmou nesta quinta-feira o pesquisador Celso Vegro, do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão do governo do Estado de São Paulo.
"O café amadureceu de forma antecipada devido ao clima quente no início do ano, depois vieram as chuvas pesadas, e o café caiu no chão", disse Vegro à Reuters, no intervalo do evento anual de agribusiness da BM&FBovespa (SA:BVMF3).
Ele acrescentou que o problema climático anterior também atrasa a colheita agora, uma vez que parte do café terá que ser coletado no chão.
Segundo Vegro, antes de as máquinas entrarem para colher o café nas lavouras, os grãos que caíram no chão terão que ser varridos mecanicamente para baixo das árvores, para que as máquinas colhedoras não enterrem o produto, que ficaria inviabilizado.
Após as máquinas terminarem de colher o café das árvores, Vegro disse que o grão que caiu no chão vai ter que ser retirado debaixo dos pés, para que a coleta então seja feita.
Além de o grão que caiu no chão perder qualidade, uma parte provavelmente não será colhida, o que certamente impactará também o volume final.
Segundo o pesquisador, esse café que caiu no chão não terá qualidade boa o suficiente para se transformar em um produto certificado pelas bolsas de futuros, o que pode impactar preços.
Esse produto deverá ser destinado ao mercado interno, sem qualidade para ser exportado.
"Choveu tanto que parte do café mofou na árvore", adicionou Vegro, mostrando uma foto em seu celular.
"Então vai ser difícil cumprir contratos", disse ele, referindo-se ao café de melhor qualidade.
(Por Roberto Samora)