Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de açúcar no centro-sul do Brasil caiu 23,7 por cento na segunda quinzena de junho, conforme usinas da região seguem voltadas à fabricação de etanol, relatou o grupo industrial Unica nesta quarta-feira, ressaltando que por ora não há problemas com a estocagem do biocombustível.
De acordo com a União da Indústria de Cana-de-açúcar, da oferta total de matéria-prima na segunda metade de junho, apenas 37,7 por cento foi direcionada ao adoçante, contra 50,5 por cento há um ano.
Com isso, foram produzidos 2,28 milhões de toneladas de açúcar, ante quase 3 milhões em igual período de 2017, ao passo que a fabricação de etanol saltou 30,4 por cento, para 2,35 bilhões de litros.
O álcool vem se mostrando mais atrativo para as usinas desde o ano passado, na esteira de mudanças tributárias no país, e ganhou ainda mais impulso após as referências internacionais do açúcar na Bolsa de Nova York caírem para mínimas em anos em razão da ampla oferta.
Tanto que as vendas totais de etanol em junho cresceram 23,2 por cento, para 2,62 bilhões de litros.
A fabricação de etanol hidratado, usado diretamente nos tanques dos veículos, por exemplo, avançou 60,2 por cento na quinzena. No acumulado da safra, iniciada em abril, já supera em 76,4 por cento o apurado em igual período do ano passado, com quase 8 bilhões de litros.
"Apesar do aumento da produção de hidratado ter superado a marca de 75 por cento, não observamos nenhum problema generalizado até o momento relacionado à armazenagem física do produto", afirmou, em nota, o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
Conforme ele, há tanques com capacidade superior a 16 bilhões de litros nas unidades produtoras, enquanto a estocagem atual é inferior a 35 por cento desse total.
PROCESSAMENTO
A Unica reportou ainda que a moagem de cana no centro-sul foi 5 por cento menor na quinzena, com 45,3 milhões de toneladas.
Entretanto, a qualidade da matéria-prima, medida pela concentração de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR), cresceu 7,8 por cento, atingindo 140 kg por tonelada de cana processada.
"Os índices de qualidade verificados no final de junho deste ano só foram observados no início de agosto em anos anteriores. O clima seco favoreceu a concentração de açúcares na planta, mas deve prejudicar substancialmente o rendimento agrícola da lavoura a ser colhida nos próximos meses", alertou Rodrigues.
Desde abril, o centro-sul já processou 222,6 milhões de toneladas de cana, superando em 11,6 por cento o registrado em igual período de 2017.
(Por José Roberto Gomes)