LONDRES (Reuters) - A produção de petróleo global em campos maduros em mar vai cair 10 por cento no próximo ano, com o abandono de atividades de produtores nestas áreas no ritmo mais rápido em 30 anos, no primeiro sinal claro de cortes de extração fora da indústria de petróleo nos Estados Unidos, segundo dados exclusivos.
A queda nos preços do petróleo pela metade ante um ano atrás forçou produtores a cortar gastos e descartar mega projetos que podem levar até uma década para se desenvolver. Mas as petroleiras também estão tomando medidas menos visíveis, cortando investimentos em campos existentes que terão um impacto imediato sobre o abastecimento global.
Houve poucos sinais de como os cortes de custos de cerca de 180 bilhões de dólares terão impacto sobre a produção no curto prazo até agora. Eles poderiam corroer o excesso que forçou os preços para baixo e ajudar a equilibrar a produção e a demanda global em meados do próximo ano ou mais cedo, disse a consultoria de petróleo, baseada em Oslo, Rystad Energy.
Dados fornecidos com exclusividade à Reuters pela Rystad apontam para um declínio acentuado nos investimentos para novas perfurações em campos maduros em mar, que teriam o objetivo de deter o declínio natural, em atividades conhecidas como "infill drilling", no jargão do setor.
Em três grandes bacias marítimas --Golfo do México, Sudeste da Ásia e Brasil-- as atividades de perfuração para incrementar a produção ou deter o declínio natural dos poços caiu em 60 por cento entre janeiro e julho deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo relatório da Rystad, cujos dados se basearam em informações de empresas e de órgãos reguladores.
Com base nessa perspectiva, a Rystad Energy estima que a produção mundial de petróleo em mar nos campos maduros vai reduzir no próximo ano em 1,5 milhão de barris por dia (bpd), ou 10 por cento, para 13,5 milhões de barris por dia, ante 15 milhões de bpd em 2015.
(Por Ron Bousso)