SÃO PAULO (Reuters) - A projeção para a taxa básica de juros no final de 2016 subiu a 13 por cento após o Banco Central ter desistido de levar a inflação para o centro da meta em 2016, adiando o objetivo para 2017, enquanto o cenário para a alta dos preços continuou se deteriorando.
Segundo a pesquisa Focus do Banco Central publicada nesta segunda-feira, que ouve semanalmente uma centena de economistas de instituições financeiras, a projeção para a Selic no final de 2016 subiu pela terceira vez seguida, contra 12,75 por cento na semana anterior.
Para este ano, a expectativa permaneceu em 14,25 por cento, patamar mantido pelo BC na semana passada em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando em comunicado informou que vai se manter vigilante, o que foi visto por economistas como uma indicação de que os juros poderão subir, caso o cenário se deteriore.
Ao mesmo tempo o BC tirou a menção à "convergência da inflação para a meta no final de 2016", para agora dizer "convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária"; ou seja, em 2017.
Sobre a inflação, a pesquisa semanal mostra agora que a expectativa dos analistas é de alta de 6,22 por cento do IPCA no fim de 2016, contra 6,12 por cento no levantamento anterior, cada vez mais longe do centro da meta do governo para o ano que vem de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Para os preços administrados, a estimativa é de alta de 6,60 por cento no final de 2016, aumento de 0,25 ponto percentual em relação à pesquisa anterior.
Para 2015, a pesquisa mostrou piora de 0,10 ponto percentual na projeção para a alta do IPCA, a 9,85 por cento e, para os administrados, o avanço chegando a 16,11 por cento, sobre 16 por cento anteriormente.
O Focus também mostrou que a expectativa é de o dólar ir a 4,20 reais no fim do ano que vem, contra 4,13 reais antes. Mas para 2015 a conta permaneceu em 4 reais.
Em meio ao cenário de indefinições fiscais, turbulências políticas e forte crise econômica no país afetando a confiança dos agentes econômicos, a projeção para a retração do Produto Interno Bruto (PIB) este ano chegou a 3,02 por cento, sobre queda de 3,0 por cento antes.
Para 2016, a terceira piora seguida nas contas aponta agora contração de 1,43 por cento, contra recuo de 1,22 por cento na semana anterior. Mais uma vez o cenário para a indústria piorou, com expectativa agora de retração de 1,5 por cento, contra 1,0 por cento antes, ainda para 2016.
Veja abaixo os dados sobre a expectativa do mercado, pela mediana das projeções:
2015 2016
Indicador Anterior Atual Anterior Atual
.IPCA 9,75% 9,85% 6,12% 6,22%
.Dólar (fim do ano) R$4,00 R$4,00 R$4,13 R$4,20
.Selic (fim do ano) 14,25% 14,25% 12,75% 13,00%
.Dívida líquida/PIB 35,65% 35,85% 39,20% 39,20%
.PIB (crescimento) -3,00% -3,02% -1,22% -1,43%
.Indústria (crescimento) -7,00% -7,00% -1,00% -1,50%
.Conta corrente (US$ bi) -65,00 -65,00 -47,75 -46,35
.Balança (US$ bi) 13,20 14,00 25,00 26,30
.IED (US$ bi) 62,50 62,50 60,00 60,00
.Preços administrados 16,00% 16,11% 6,35% 6,60%
(Por Camila Moreira)