Por Rania El Gamal e Eric Knecht e Dmitry Zhdannikov
DOHA (Reuters) - A Qatar Petroleum (QP) pretende investir ao menos 20 bilhões de dólares nos Estados Unidos nos próximos anos, disse à Reuters o presidente-executivo da companhia, após o país do Golfo Árabe inesperadamente deixar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) neste mês.
Saad al-Kaabi, que administra o portfólio de negócios em energia do maior fornecedor global de Gás Natural Liquefeito (GNL), disse também neste domingo que a QP quer anunciar seus parceiros estrangeiros para novos trens de GNL que está construindo na metade do próximo ano.
Ele afirmou ainda que a companhia decidiu financiar sozinha a expansão, ao invés de tomar empréstimos.
O movimento, uma mudança frente a práticas anteriores da QP, que costumava financiar com empréstimos bancários até 70 por cento de suas necessidades, pode ser desanimador para os bancos.
"Nós estamos olhando muitos ativos nos EUA. Nós estamos olhando para gás e petróleo, convencional e não-convencional", disse Kaabi em entrevista em seu escritório em Doha.
O Catar, um pequeno, porém rico país, é um dos mais influentes agentes do mercado de GNL, uma vez que produz anualmente 77 milhões de toneladas. O país pretende ampliar a capacidade em 43 por cento entre 2023 e 2024 e construirá mais quatro três de liquefação para essa expansão.
Kaabi disse que a QP também poderia desenvolver o projeto de expansão doméstica em GNL sozinha, sem parceiros internacionais ao seu lado, se boas ofertas não forem feitas.
"Nós estamos olhando muitas coisas (em nossos parceiros), incluindo trocas de ativos, coisas que me ajudariam em minha expansão internacional", disse ele.
"Se eu não tiver bons acordos, ninguém virá. Estou te falando, anote minhas palavras: se eu não tiver um bom acordo, nós faremos sozinhos".
A QP ainda está em conversas com petroleiras internacionais para o novo projeto de expansão. Entre as empresas que operam no Qatar estão Exxon Mobil (NYSE:XOM), Total, Royal Dutch Shell e ENI (MI:ENI).
A QP atualmente produz 4,8 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) e pretende ampliar esse número para 6,5 milhões boed nos próximos 8 anos, por meio da expansão de seus negócios upstream no exterior.