RIO DE JANEIRO (Reuters) - O rebaixamento do rating de crédito do Brasil e de empresas do setor de energia, que perderam o selo de bom pagador da agência Standard & Poors, não afetará os futuros leilões de energia do país, segundo avaliação do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
Na avaliação dele, o setor elétrico está "imune" a esse tipo de notícia que afeta o humor do mercado finaneiro e dos investidores.
"No setor elétrico, o ganhador ganha um contrato de longo prazo de até 30 anos, tem garantias financeiras junto ao BNDES e o ganho é reajustado. O risco é muito baixo e isso dá uma segurança muito grande", disse nesta quinta-feira o presidente da estatal EPE a jornalistas no Rio de Janeiro.
Nesta quinta-feira, a S&P tirou o grau de investimento da Petrobras (SA:PETR4) e da Eletrobras (SA:ELET3), além de Itaipu, entre outras companhias, na esteira do rebaixamento do Brasil na véspera.
"O setor elétrico está mais imune a esse efeito do rebaixamento do que outros setores. Ninguém se financia lá fora para participar, e quem vem de fora para participar já traz o recurso", explicou Tolmasquim.
O próximo certame do governo está programado para novembro deste ano, quando serão leiloados projetos de energia eólica e solar.
Segundo Tolmasquim, o número de empresas que já manifestaram interesse em participar do leilão garante o sucesso do certame.
"O rebaixamento não afeta em nada esse leilão, e com o número de empreendedores que estão interessados o sucesso já está garantido. Não tenho nenhum receio, e o rebaixameno não aferará nada", declarou ele.
O presidente da EPE admitiu, no entanto, que o leilão deverá refletir outras condições de mercado menos favoráveis aos investidores, tais como a alta do dólar frente ao real e menor cobertura do BNDES no financiamento dos projetos.
A tendência, de acordo com Tolmasquim, é que o preço teto da energia negociada no certame seja maior.
"O preço teto tem que sempre estar aderente à situação do momento, seja a situação cambial, de financiamento ou de risco", disse ele.
Segundo ele, a tendência é que seja mais alto o preço teto não por conta do rebaixamento, mas por questões de financiamento e dólar forte ante o real.
No mês passado, o governo fracassou em um leilão de linhas de transmissão em que a maioria dos lotes não teve interessados. Os investidores consideraram que o cambio e questões relacionadas ao financiamento inibiram a participação dos investidores.
(Por Rodrigo Viga Gaier)