Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O rebanho bovino do Brasil caiu 0,7% em 2018 na comparação com 2017, na esteira de um recorde na exportação de carne no ano passado, mas o país ainda tem mais boi e vacas do que gente, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta sexta-feira.
Segundo o IBGE, apesar de uma queda de 1,5 milhão de cabeças, devido ao aumento dos abates pela indústria de carne, o Brasil segue com o maior rebanho comercial do mundo, com cerca de 213,5 milhões de animais, disse o instituto em nota.
Já a população brasileira está estimada pelo IBGE em 210,1 milhões, com uma taxa de crescimento populacional de 0,79% ao ano, informou o IBGE ao final de agosto.
O rebanho bovino do país, por sua vez, teve em 2018 a segunda queda consecutiva, após atingir um recorde em 2016.
O Mato Grosso respondeu por 14,1% do rebanho nacional, enquanto o município com maior número de bovinos é São Félix do Xingu, no Pará.
O crescimento do abate contribuiu para a redução no efetivo em 3,3% na região Sul, 1,2% no Sudeste e 0,4% no Centro-Oeste. O rebanho cresceu 0,2% no Norte e Nordeste, disse o IBGE.
Segundo a gerente da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), do IBGE, Angela Lordão, a queda no rebanho decorreu do aumento do abate de matrizes devido ao preço da carne no mercado internacional.
"A questão é que a pecuária de corte tem ciclos de alta e baixa. Então, em alguns anos, principalmente devido ao preço do bezerro e ao preço da arroba, começa um descarte maior de fêmeas. Isso aconteceu em 2006 e 2007, depois voltou a acontecer a partir de 2012. Estamos vendo agora um novo ciclo de baixa que começou em 2017", destacou.
Embora o Brasil consuma a maior parte de sua produção de carne bovina, as exportações continuam ajudando nos abates, que cresceram 5,5% no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período de 2018, de acordo com dados do IBGE.
Enquanto isso, as vendas externas de carne bovina do Brasil caminham para novas máximas históricas em 2019, tendo crescido cerca de 14% no acumulado do ano até agosto, para mais de 1 milhão de toneladas, conforme informações do governo.
A exportação neste ano tem tido ajuda especial da China, que tem demandado mais para lidar com uma menor oferta de carne suína, devido à peste suína africana.
MAIORES REBANHOS
O crescimento de bovinos em São Félix do Xingu, nos últimos 10 anos, foi de 18%, e em 2018 o rebanho do líder na pecuária totalizava 2,3 milhões de animais, disse o órgão de estatísticas do governo.
O segundo e terceiro maiores rebanhos pertenciam aos municípios de Corumbá e Ribas do Rio Pardo, ambos no Mato Grosso do Sul.
Em termos de crescimento do efetivo entre 2008 e 2018, destacaram-se dois municípios localizados no Pará, Novo Repartimento (142,3%) e Marabá (102,7%).
O Estado paraense, assim como o Mato Grosso, esteve na mira de polêmica ambiental recente, devido ao crescimento nos focos de incêndio no país em 2019.
A pecuária é uma atividade que acaba avançando em algumas áreas desmatadas, após a exploração da madeira.