Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A receita com as exportações de soja, farelo e óleo de soja do Brasil somou 48,8 bilhões de dólares de janeiro a agosto, já superando o total de todo ano de 2021, com preços mais elevados dos produtos e uma disparada nos volumes de derivados exportados, apontou nesta quarta-feira a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
No ano de 2021, as exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) do Brasil somaram cerca de 48 bilhões de dólares.
Para o ano de 2022, o principal setor exportador do Brasil deve aumentar em 10 bilhões de dólares as receitas com as vendas externas ante 2021, para uma máxima histórica de cerca de 58 bilhões de dólares, segundo previsão da Abiove que foi mantida ante a expectativa de agosto.
A alta nas cotações da soja, do farelo e do óleo está mais do que compensando uma redução no volume das exportações do grão, que por sua vez foram afetadas por uma quebra da safra brasileira e também menor demanda da China, principal importador global da oleaginosa.
Os preços internacionais subiram após uma frustração de safra do Brasil, maior produtor e exportador de soja, e outros fatores, como restrições para embarques de óleo de palma na Indonésia e de óleo de girassol, na Ucrânia.
O preço médio do óleo de soja exportado pelo Brasil foi estimado em 1.600 dólares a tonelada neste ano, versus 1.222 dólares/tonelada em 2021, enquanto os valores do grão e do farelo também deverão crescer neste ano.
REVISÃO EM PROJEÇÕES
Após uma reavaliação nos números da última colheita brasileira de soja, a associação da indústria Abiove elevou ligeiramente nesta quarta-feira suas projeções para as exportações e processamento da oleaginosa no Brasil.
A safra do Brasil, já encerrada há alguns meses foi estimada em 126,9 milhões de toneladas, apenas 300 mil toneladas acima da previsão de agosto.
Ainda assim, ficará distante do recorde de 138,8 milhões de toneladas da temporada passada.
As exportações brasileiras de soja também devem ficar 200 mil toneladas acima do previsto no mês passado, sendo agora estimadas em 77 milhões de toneladas, contra históricas 86,1 milhões em 2021, quando a grande safra permitiu maiores embarques.
De outro lado, após boas margens de processamento mais cedo neste ano, a indústria vai processar um recorde de 48,9 milhões de toneladas, 0,6% acima da projeção de agosto, versus 47,78 milhões em 2021.
O impulso mais recente no processamento veio de maior demanda por farelo de soja na exportação, que deverá somar 18,7 milhões de toneladas neste ano --alta anual de 1,5 milhão de toneladas--, enquanto a previsão de embarques de óleo para o exterior foi mantida em 2,15 milhões de toneladas, o maior patamar desde 2008, com impulso de compras da Índia.
Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações da soja em grão do Brasil alcançaram 66,6 milhões de toneladas (-8,3%), enquanto as exportações de farelo tiveram crescimento de 21,7% em volume na comparação anual, para 14,1 milhões de toneladas. Já para o óleo de soja, o incremento foi de 62,7%, chegando a 1,7 milhão de toneladas.
(Roberto Samora)