Por Roberto Samora
GUAXUPÉ, Minas Gerais (Reuters) - A nova safra de grãos do Brasil 2016/17 deverá ter um pequeno crescimento em relação ao potencial produtivo da temporada 2015/16 e poderá atingir um recorde de 210 milhões de toneladas, estimou nesta quinta-feira o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.
O volume, se confirmado, seria um avanço de apenas 2 a 3 por cento sobre o que era a previsão inicial da safra 2015/16, afirmou o executivo em visita oficial no sul de Minas Gerais, lembrando que a atual crise econômica e o cenário de crédito apertado afetam a expansão de plantio.
A safra de grãos 2015/16 acabou frustrada por problemas climáticos em diversas regiões produtoras de soja e milho e deverá ser concluída com a colheita de 188,1 milhões de toneladas, bem abaixo do volume de 2014/15, de 207,8 milhões de toneladas.
"Não precisa crescer muito (em 2016/17), é só recuperar o que foi perdido", disse Geller, que acompanha o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, em visita à Cooxupe, maior cooperativa de cafeicultores do Brasil, em Guaxupé.
Segundo Geller, a conjuntura de crise econômica e crédito mais apertado limita um rescimento maior da área plantada.
O secretário disse acreditar que a safra de milho deverá superar 84 milhões de toneladas, com impulso de plantio no Paraná, que no passado destinou muita área de milho para a soja no ciclo de verão.
Enquanto a nova safra de grãos não chegar ao mercado brasileiro, o que acontece só no início do ano que vem, o Brasil terá que lidar com uma oferta mais escassa, projetou o secretário.
Ele disse que o fato de algumas processadoras de soja estarem parando suas atividades tem relação com a escassez, com o mercado global bastante demandante da soja brasileira.
No caso do milho, ainda que tenha ocorrido uma severa quebra de safra, Geller vê um componente especulativo na alta de preços.
Contudo, o secretário disse estar confiante na aprovação, pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), no início do próximo mês, de variedades de milho transgênico dos Estados Unidos, o que daria mais uma opção de oferta para as indústrias.
Atualmente, as importações de milho dos EUA pelo Brasil não ocorrem porque algumas variedades transgênicas plantadas lá não têm aprovação no país.
O secretário reiterou que, com o recuo das exportações, que atualmente não são mais competitivas no mercado global em relação ao preço do mercado interno, haverá uma oferta maior do cereal no Brasil. Ele citou ainda que o consumo interno está diminuindo.