BUENOS AIRES (Reuters) - A safra de trigo 2021/22 da Argentina deve atingir um recorde de 21,5 milhões de toneladas, disse a Bolsa de Cereais de Buenos Aires em um relatório nesta quinta-feira, citando rendimentos melhores do que o esperado como motivo para aumentar a projeção ante seus 21 milhões de toneladas vistos anteriormente.
Especialistas em clima disseram esperar que chuvas melhores em janeiro ajudem no desenvolvimento das safras de soja e milho recém-plantadas.
A safra argentina de trigo está 78,3% concluída e com término previsto para janeiro. A potência sul-americana de grãos é uma grande exportadora de trigo, tendo o vizinho Brasil como principal comprador.
"A produtividade média nacional atingiu 3,28 toneladas por hectare nos últimos sete dias. A melhora sustentada na colheita nos permite elevar nossa projeção de produção a um novo recorde", disse a bolsa em seu relatório de safra semanal.
A bolsa deixou suas estimativas de milho de 57 milhões de toneladas e de colheita de soja de 44 milhões de toneladas inalteradas para a safra de 2021/22. A bolsa também afirmou que 73,3% da área de soja esperada para este ano foi plantada até agora, junto com 60,2% da expectativa da área de milho.
A seca que estressou grandes áreas do cinturão agrícola normalmente fértil dos Pampas em dezembro deve dar lugar a chuvas melhores em janeiro, disseram especialistas em clima.
"Pelo que podemos ver nas projeções de curto e médio prazo, as chuvas não atenderão a demanda. Não estamos dizendo que não choverá no resto de dezembro, mas não haverá abastecimento de água em grande escala e bom volume", disse German Heinzenknecht, meteorologista da consultoria Applied Climatology.
"Estamos otimistas de que mais para frente em janeiro teremos mais uma vez janelas úmidas favoráveis sobre a orla do leste do país - a região que mais precisa de água", afirmou ele.
Os produtores estavam preocupados com o fenômeno climático La Niña, que geralmente traz seca para os Pampas. Mas qualquer seca relacionada ao La Niña nesta temporada deve desaparecer no mês que vem, disse Cristian Russo, agrônomo da Bolsa de Cereais de Rosário.
"A influência do La Niña provavelmente começará a enfraquecer com o avanço de janeiro, o que seria uma notícia muito boa para a soja e o milho", disse Russo.
Os produtores estão esperando colheitas de soja e milho em médias muito boas nesta temporada, dependendo das chuvas de janeiro.
"Por menores que sejam as chuvas, a colheita de milho vai ser boa. Se chover um pouco mais, será excelente", disse Francisco Santillan, agricultor da província de Buenos Aires.
"Também não estou preocupado com a soja", acrescentou. "Vamos ter uma produção média, pelo menos."
(Reportagem de Maximilian Heath e Hugh Bronstein)