Por Ana Mano
SINOP, Mato Grosso (Reuters) - Principal Estado produtor de grãos do Brasil, o Mato Grosso deverá colher até 15 por cento menos na segunda safra de milho deste ano por causa da seca, afirmou à Reuters o presidente do grupo de agricultores Aprosoja, nesta segunda-feira.
Os produtores de Mato Grosso deverão colher cerca de 25 milhões de toneladas de milho este ano, disse Antônio Galvan.
A seca está atingindo o sul do Estado de maneira particularmente forte.
E no Médio-Norte de Mato Grosso, onde a família de Galvan plantou cerca de 1.300 hectares de milho nesta safra, os agricultores podem perder em média 10 por cento devido à falta de chuvas, disse ele.
A colheita em seus campos começará em cerca de 40 dias.
O Mato Grosso produziu quase 29 milhões de toneladas de milho na temporada passada, quando o tempo foi quase perfeito, de acordo com dados do governo.
O Estado responde por cerca de 30 por cento da produção total de milho do Brasil.
O milho segunda safra, que é plantado após a soja, já responde por cerca de 70 por cento de toda a produção de milho do país e fez do Brasil um forte concorrente para os Estados Unidos nos mercados globais.
Este ano, atrasou o plantio e a colheita de soja, atrasando também a safra de milho em algumas fazendas, especialmente no sul do Mato Grosso e em Estados como o Paraná, tornando essas regiões mais expostas à estiagem.
"O fim das chuvas mais cedo neste ano fez com que o problema fosse pior em algumas propriedades", disse Galvan.
A situação é preocupante para os agricultores que escolheram vender seu milho antecipadamente em meio a um aumento nos preços internos, como consequência da seca em muitas partes do Brasil, Argentina e Paraguai.
"Quebra de safra pode levar a quebra de contrato", disse Galvan.
"Se os agricultores não entregarem o milho, eles estão sujeitos a pagar aos compradores a diferença entre o preço no contrato e preços de mercado."
As vendas antecipadas de milho segunda safra do Brasil haviam atingido, até 4 de maio, 32 por cento da produção esperada, acima dos 29 por cento do mesmo período do ano passado, segundo dados da consultoria Datagro.
"Eu normalmente não vendo nenhum milho adiantado por causa do risco associado aos padrões de chuva", disse Galvan.
(Reportagem de Ana Mano)