SÃO PAULO (Reuters) - Uma seca prolongada que atinge as lavouras de trigo do Paraná, maior produtor brasileiro do cereal, está agravando as perdas registradas para a safra, já atingida pelas geadas, afirmou um agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral) nesta quarta-feira.
A produção do Estado deverá ficar abaixo da estimativa de 2,8 milhões de toneladas, divulgada ao final do mês passado, quando o órgão do governo estadual contabilizou perdas pelas geadas e também por conta do tempo seco, que prosseguiu desde então.[nL1N1KI23A]
"Não vai chegar a 2,8 milhões (de toneladas). Continua a seca... Teve uma chuva principalmente na região de Pato Branco, Guarapuava (ao sul), choveu 20 milímetros, mas não regularizou...", disse o agrônomo Carlos Hugo Godinho.
Antes das adversidades climáticas, o Deral previa que o Paraná colheria neste ano cerca de 3,1 milhões de toneladas.
No ano passado, a safra foi de 3,48 milhões de toneladas, uma das maiores da história.
Uma safra menor no Paraná pode elevar a necessidade de importação de trigo pelo Brasil, um importador líquido do produto.
Na última atualização das condições das lavouras divulgada pelo Deral, 18 por cento das plantações foram avaliadas como "ruins", 35 por cento como "médias" e 47 por cento como "boas", uma piora ante a situação anterior.
O agrônomo evitou cravar uma nova estimativa, pois os levantamentos estão sendo feitos, para uma atualização da previsão ao final do mês.
Segundo ele, há previsão de chuva para a partir de domingo, em volumes que devem ser intensificados a partir de quarta-feira.
"Se essas chuvas confirmarem, pelo menos para de perder, porque a cada dia com seca é um dia com potencial rebaixado."
Ele observou que algumas regiões ficaram quase 40 dias sem chuva.
As perdas registradas até o momento, no entanto, são irreversíveis, disse Godinho.
Mesmo em condições normais, o Estado já colheria uma safra menor, pois a área caiu 13 por cento ante o ano passado, para 956 mil hectares.
(Por Roberto Samora)