BRASÍLIA (Reuters) - A Bolívia está prestes a se tornar membro pleno do Mercosul, após a decisão do Senado brasileiro de aprovar a admissão do país na terça-feira.
Espera-se que a votação sobre a adesão da Bolívia ao bloco seja formalmente concluída durante uma cúpula regional em 7 de dezembro no Rio de Janeiro.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ocupa a presidência temporária do Mercosul -- que também inclui Argentina, Paraguai e Uruguai --, saudou a expansão nesta quarta-feira em uma postagem na mídia social X.
"Obrigado aos senadores por concluírem esse processo e parabéns ao presidente Arce e à Bolívia por se juntar a nós no Mercosul", disse Lula na mídia social.
A inclusão da Bolívia no Mercosul resulta da aprovação do protocolo de adesão do Estado Plurinacional da Bolívia ao Mercosul, celebrado em Brasília em 17 de julho de 2015.
O texto aprovado pelos senadores destaca que o ingresso da Bolívia, com uma população de mais de 12 milhões de pessoas e um Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 41 bilhões de dólares, além de relevantes reservas de gás, lítio e outros minerais estratégicos, ao bloco pode dar impulso à integração regional e propiciar abertura de mercado a empresas brasileiras.
A expansão do Mercosul ocorre no momento em que Lula corre para concluir o acordo comercial entre o bloco e a União Europeia ainda neste ano, apesar dos desafios decorrentes da nova legislação de desmatamento europeia e das solicitações de ajustes pelo governo brasileiro, especialmente em relação a compras governamentais.
As perspectivas para a conclusão do acordo comercial ganharam ainda um novo capítulo com a eleição do ultraliberal Javier Milei, crítico ferrenho do Mercosul, como presidente da Argentina. Milei assume o cargo em 10 de dezembro.
Os críticos alertam que o histórico ruim de desmatamento da Bolívia pode prejudicar futuras negociações entre a UE e o Mercosul.
A Bolívia foi um dos países que mais desmatou florestas originais no ano passado, atrás apenas do Brasil e da República Democrática do Congo, de acordo com a Global Forest Watch, que monitora as taxas de desmatamento.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello, em Brasília, e Lucinda Elliot, em São Paulo)