Por Roberto Samora
GUAXUPÉ, Minas Gerais (Reuters) - As geadas de julho e o tempo seco que atinge os cafezais de Minas Gerais reduzirão de forma acentuada a safra do ano que vem do Estado, cujas lavouras produzirão menos também pelo fato de 2017 ser o período de baixa do ciclo bianual do arábica, afirmaram nesta quinta-feira dirigentes da Cooxupé, a maior cooperativa de cafeicultores do Brasil.
Dessa forma, Minas Gerais, que responde por cerca de metade da produção nacional de café, deverá colher 17 milhões a 18 milhões de sacas de 60 kg em 2017, ante 23 milhões a 26 milhões neste ano, disse a jornalistas o superintendente comercial da Cooxupé, Lúcio Dias, após a cooperativa receber visita do ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
A colheita de arábica está praticamente encerrada. Entre os cooperados da Cooxupé, os trabalhos já avançaram para mais de 80 por cento da área estimada para este ano.
Considerando a expectativa de queda na produção de Minas, a safra brasileira da variedade arábica, que responde pela grande maioria da produção, seria de 37 milhões a 38 milhões de sacas, ante 42 milhões a 45 milhões em 2016.
"Isso pode impactar nas vendas do ano que vem. Agora, o tamanho da queda de safra vai depender de quanto tempo ainda vai levar para chover", disse o presidente da Cooxupé, Carlos Paulino da Costa, ao comentar que não chove bem na região desde meados de julho.
Quanto mais tempo leva para a umidade chegar, maiores os riscos de uma produção menor, comentou ele.
No entanto, há expectativa de chuvas razoáveis para o próximo final de semana, o que poderia provocar as primeiras floradas para a próxima safra.
Dias, da área comercial, ressaltou que o Brasil tem tido exportações e consumo interno elevados, que não têm permitido que o país acumule excedentes.
Para se ter uma ideia da situação, o governo federal tem feito vendas periódicas de seus estoques, que são relativamente baixos.
Além do calor forte, que acelerou a maturação da safra que está sendo colhida, reduzindo o tamanho do grão, chuvas em junho prejudicaram a qualidade de boa parte do café, segundo integrantes da cooperativa.
Apesar de um câmbio menos favorável para a exportação e do cenário de oferta mais apertada, o presidente da Cooxupé disse que a cooperativa está mantendo sua projeção de exportações neste ano em 4,8 milhões de sacas, ante 4,1 milhões no ano passado, uma vez que a cooperativa realiza vendas antecipadamente, disse ele.