Por Alessandro Albano, do Investing.com Itália
Investing.com - Os preços do gás holandês TTF caíam nesta terça-feira (17) depois que a Comissão Europeia disse que as empresas da União Europeia (UE) podem pagar pelo gás russo em rublos sem contornar as sanções contra Moscou. O gás holandês era cotado a 92,86 euros, baixa de 4,15%.
Diante às novas orientações da Comissão Europeia, solicitadas várias vezes após a interrupção russa dos fluxos de gás para a Polónia e à Bulgária, cada vez mais empresas europeias estão prestes a iniciar o processo de abertura de conta em rublo no Gazprombank e continuar a importar bens energéticos de Moscou
Fontes citadas pela Reuters afirmaram que a petroleira italiana Eni teria iniciado essa semana os procedimentos necessários para "não violar os contratos que regulam o abastecimento russo" também tendo em conta o prazo de 20 de maio. De acordo com um porta-voz, a empresa "ainda está a fazer as suas próprias avaliações" e neste momento "não deu início ao procedimento de abertura das duas contas", mas trata-se apenas de avaliações técnicas e não de princípio.
França e Alemanha já avançaram. Engie, grupo francês de energia, já anunciou que está em negociações com a Gazprom para "alterar os métodos de pagamento para o fornecimento de gás russo", enquanto a RWE alemã disse "abrir uma conta na Rússia para fazer pagamentos em euros para o fornecimento de gás", preparando-se para "atender às demandas russas para um novo esquema de pagamento e agindo de acordo com os requisitos europeus e alemães".
As novas orientações de Bruxelas
Confirmando o que foi anunciado no final de abril, a Comissão declarou que as sanções “não impedem” a abertura de uma conta no Gazprombank e que as empresas podem pagar pelo gás russo desde que a transação seja realizada e depois declarada em euros ou dólares.
De acordo com a nova orientação de Bruxelas, as empresas terão então de emitir uma declaração em que consta que o pagamento em euros ou dólares "que exonera definitivamente o operador económico das obrigações de pagamento previstas nestes contratos, sem que se prevejam outras medidas quanto à trata-se de pagamento".
Uma vez depositado o montante, o banco russo irá trocá-lo em rublos, mas a operação do Gazprombank será considerada pela UE como um "procedimento interno" na Rússia e, portanto, fora da jurisdição europeia.
Vários líderes da UE, especialmente os mais dependentes da energia russa, souberam nos últimos dias que esse quadro regulatório não contorna o contexto sancionatório imposto à Rússia pelos países ocidentais após a invasão da Ucrânia.
"Na medida em que houve canais de comunicação com empresas russas e a Gazprom, parece que a situação foi esclarecida", disse o ministro da Economia alemão Habeck, enquanto o primeiro-ministro Draghi em visita a Washington especificou que "não vejo problema" em termos de interrupção de fornecimentos ou violação do quadro de sanções.