SÃO PAULO (Reuters) - Os atuais preços baixos do etanol refletem as dificuldades financeiras das usinas de cana do Brasil, que têm vendido o biocombustível no mesmo ritmo da produção, sem formar estoques, disse nesta quinta-feira o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues.
As vendas de etanol têm estado aquecidas nas últimas semanas no país, devido à queda nos preços que aumenta a atratividade do biocombustível para os motoristas de carros flex.
O preço do etanol hidratado nas usinas de São Paulo fechou o mês passado com leve queda ante o valor de junho, em meio à grande oferta das usinas, com o recuo da cotação sendo limitado por uma maior demanda, segundo dados do Cepea.
"Esse pessoal (usinas endividadas) vai vender por qualquer preço, pouco importa. Ele vende na janta pra tomar café da manhã. Ele precisa de caixa, de dinheiro, precisa de financiamento, não tem como segurar estoque. Vende na velocidade da produção", disse o executivo durante uma apresentação, em evento do setor em São Paulo.
O centro-sul do Brasil está no auge da safra 2015/16.
O indicador Cepea/Esalq do etanol hidratado no Estado de São Paulo fechou a semana passada a 1,1793 reais por litro, menor cotação desde novembro de 2014.
Segundo Padua, os valores precisariam ser bem maiores.
"O produtor poderia vender hoje a 1,45 real/litro e manter as margens, manter a competitividade... O que se está vendo hoje, o preço do etanol, é fantasia", disse o diretor da entidade.
A Unica defende uma elevação dos preços da gasolina --principal concorrente do etanol hidratado e que têm os preços controlados nas refinarias-- e uma redução dos impostos para o biocombustível.
"Não acho que vai parar o fechamento de usinas nos próximos cinco anos. Vamos ver mais. Endividamento vai aumentar", afirmou Padua.
(Por Marcelo Teixeira)