Por Marta Nogueira e Stephen Eisenhammer
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale acredita que poderá reduzir o custo de produção de minério de ferro para 10 dólares por tonelada, ante os 12,7 dólares registrado no último trimestre, após a entrada do projeto S11D e melhorias no Sistema Sul, considerando a manutenção do dólar médio a 3,5 reais.
O início da operação do projeto S11D, com capacidade para 90 milhões de toneladas, no Pará, deve ocorrer no segundo semestre de 2016. A Vale espera que o projeto entre 2017 com os custos atuais das minas de Carajás, o maior sistema da companhia.
"Se pegar Carajás no terceiro trimestre e também o Sistema Sudeste, ambos já estão em ritmo de 10 dólares por tonelada. O custo (da produção total) é um pouco maior, por causa do Sistema Sul de Corumbá, que estamos otimizando", afirmou o diretor-executivo de ferrosos da companhia, Peter Poppinga, em teleconferência com analistas de mercado sobre o trimestre.
A redução do custo de produção, que havia sido de 15,8 dólares por tonelada no segundo trimestre, foi bastante comemorada pela companhia.
"É o menor custo da indústria em todo o mundo", afirmou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, em vídeo publicado na internet.
A melhora entre os trimestres teve contribuição de iniciativas de redução de custos em curso e pelos ramp-ups das minas de N4WS e N5S e de alguns dos projetos de Itabiritos, de acordo com explicações dos executivos da empresa.
O cálculo dos custos de produção, entretanto, não inclui os valores de frete pagos pela companhia para levar o minério para a China, sua principal consumidora. Siani ressaltou que a empresa vê boa oportunidade para renegociação de fretes no próximo ano.
A redução de custos de produção e a busca por melhores valores de frete são extremamente importantes para que a Vale possa ganhar competitividade frente as suas maiores rivais, as mineradoras gigantes australianas BHP Billiton e Rio Tinto (L:RIO), que estão mais próximas do gigante asiático.
"Obviamente, como a Vale vende muito para a China, a nossa situação por estarmos mais distantes do que nossos competidores diretos não é tão favorável nesse mercado", ponderou Siani.
ESTOQUES EM QUEDA
Poppinga disse ainda que a Vale, a maior produtora global de minério, deverá reduzir estoques em 3 milhões de toneladas este ano, para cerca de 55-57 milhões de toneladas, e que possivelmente haverá redução adicional de 10 por cento em 2016.
A queda dos estoques será possível graças ao aumento da capacidade de escoamento em trens da MRS no Sistema Sul, devido a redução da produção de minas menos competitivas e também na compra de terceiros.
A Vale tem meta de produzir 340 milhões de toneladas em 2015. O guidance para 2016 será dado mais à frente no Vale Day, em Nova York, quando a empresa traça suas metas.
Anteriormente, o executivo da Vale havia dito que a produção em 2016 deverá ficar entre 340 milhões e 376 milhões de toneladas no próximo ano.
Poppinga ressaltou ainda que espera uma recuperação na demanda por aço na China em 2016, ante a fraqueza atual que tem colaborado para manter os preços da matéria-prima em níveis baixos.