SÃO PAULO (Reuters) - A Vanguarda Agro (SA:VAGR3), uma das maiores empresas produtoras de soja e algodão do país, poderá manter a área plantada na nova safra 2015/16 ou até reduzir o plantio, disse nesta quarta-feira o presidente da companhia, Arlindo Moura, em conferência com analistas.
Na safra 2014/15, a área de todas as culturas plantadas pela Vanguarda foi de 248,2 mil hectares, queda de 12 por cento ante 2013/14.
"Continuamos neste ano focados na melhoria dos resultados. Não estamos preocupados com crescimento de área. Eventualmente, podemos até ter uma redução de área, que está sendo negociada", disse o executivo, sem detalhar uma projeção para a nova temporada.
A empresa registrou lucro líquido de 26 mil reais no segundo trimestre deste ano, ante prejuízo de 29,9 milhões de reais no mesmo período do ano passado, segundo balanço divulgado na véspera.
A cautela da V-Agro está em linha com as expectativas para o plantio no país na temporada 2015/16, que deverá ser marcada por um grande aperto nas margens.
A consultoria Céleres estimou esta semana um pequeno crescimento da área plantada com soja no Brasil, de 2,3 por cento ante 2014/15.
Segundo Moura, a Vanguarda negocia sua saída de uma área de 15 mil hectares no Piauí. "Isso com certeza melhoraria nosso resultado", disse ele.
A empresa já está com praticamente todos os fertilizantes necessários para a nova temporada comprados, mas enfrenta dificuldades nas negociações de defensivos.
"Conseguimos comprar (defensivos) 16,6 por cento abaixo do preço do ano passado. Mas não acreditamos que vamos conseguir isso em todos os defensivos. Tem algumas empresas com quem a gente está com muita dificuldade de negociação", afirmou o executivo.
Ele não detalhou as negociações de defensivos, cujos preços são majoritariamente atrelados ao dólar, que acumula forte alta no último ano.
"Vai ser um ano difícil, um ano em que teremos que brigar muito por produtividade, redução de custos, para buscar resultado positivo em 2016", disse Moura.
A companhia tem como estratégia "o travamento de
suas margens", vendendo parte de sua produção à medida que assume compromissos decorrentes da compra de insumos.
Até o fim de julho, a companhia tinha fixado preços em dólares para 13 por cento da soja de 2015/16, além de 1 por cento em reais e 14 por cento por meio de arrendamentos.
O índice foi considerado elevado pelos executivos da Vanguarda.
Moura revelou que houve um bom volume de negociações antecipadas nos últimos dias, aproveitando repiques de preço na bolsa de Chicago e a alta do dólar. Ele projetou uma nova rodada de negócios em breve.
"Dentro de 60 a 70 dias deveremos ter um novo rali em função do início da colheita nos Estados Unidos, que talvez não confirme expectativas", afirmou.
A Vanguarda estima que as cotações da soja na CBOT voltem para patamares de 10 a 11 dólares por bushel até o fim do ano, ante cerca de 9,7 dólares na terça-feira.
(Por Gustavo Bonato)