SÃO PAULO (Reuters) - O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Brasil deverá atingir um recorde de 1,002 trilhão de reais em 2021, alta de 11,8% na comparação anual, impulsionado por um acréscimo de mais de 15% no segmento de lavouras, disse nesta sexta-feira o Ministério da Agricultura.
A pasta elevou sua projeção em relação ao mês passado, quando via o VBP abaixo da casa de 1 trilhão de reais. Também reajustou para cima o dado de 2020, passando a fixá-lo em 896,7 bilhões de reais, versus 871,3 bilhões divulgados em janeiro.
O valor das lavouras em 2021 foi projetado em 688,4 bilhões de reais, avanço de 15,2% no ano a ano, enquanto o resultado da pecuária é visto em 314,5 bilhões de reais, acréscimo de 5,1%.
"Dois fatores são decisivos para este resultado: preços agrícolas favoráveis para grande parte dos produtos e boas previsões para a safra deste ano", disse em nota o coordenador geral de avaliação de Políticas e Informação do ministério, José Garcia Gasques.
Os produtos agrícolas brasileiros têm verificado recentemente firme demanda por exportações, especialmente da China, beneficiados também pela forte desvalorização do dólar frente ao real, que os torna mais competitivos no mercado global.
Além disso, os preços internacionais de alguns dos principais produtos de exportação do Brasil, como soja, milho e açúcar, têm girado em torno de máximas de vários anos diante de sinais de ofertas apertadas no curto prazo e possível estresse logístico.
A pasta projetou aumentos de 30,3% no VBP da soja, para 326,8 bilhões de reais, e de 23,2% no do milho, a 126 bilhões de reais.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil deve colher uma safra recorde de 268,3 milhões de toneladas de grãos em 2020/21.
O ministério também destacou, no segmento de pecuária, altas de 9,9% no VBP da carne bovina e de 2,5% na carne de frango.
Em relação às quedas, o governo chamou atenção para recuos de 28,4% no café, puxado por uma baixa na produção de arábica --variedade que está em um ano de baixa em seu ciclo bienal--, e de 1,8% na cana-de-açúcar.
"A cana de açúcar tem tido redução sistemática no valor da produção nos últimos cinco anos. Isso afeta os resultados de São Paulo e de outros estados, onde a cana é relevante", disse Gasques.
(Por Gabriel Araujo)