(Reuters) - As vendas antecipadas de soja do Brasil alcançaram 18,8% da produção esperada para 2022/23, praticamente estáveis em relação ao mês passado quando 18,6% do volume estava negociado, informou nesta sexta-feira a consultoria Safras & Mercado, com produtores retraídos na expectativa por preços melhores.
Na mesma época do ano passado, a comercialização antecipada registrava 28,1% do total projetado, enquanto a média histórica para o período é de 29,6%.
De acordo com o analista da consultoria Luiz Fernando Roque, os principais motivos para esse ritmo de negócios são o preço e o elevado nível de capitalização dos agricultores.
"O preço do mercado disponível (à vista), em geral, está acima do que o mercado futuro está apontando... alguns produtores também apostam que pode haver quebra no Rio Grande do Sul e Paraná por causa da La Niña, o que poderia fazer com que os preços subissem mais", disse ele, admitindo que essa espera pode ser uma estratégia arriscada.
Além disso, Roque afirmou que o setor vem de anos com cotações elevadas para a soja, o que ajudou o agricultor a formar caixa e não ficar na dependência de amplas vendas antecipadas neste momento.
Levando em conta uma safra estimada em 151,497 milhões de toneladas para o ciclo atual, a consultoria projeta que a comercialização da soja já atingiu cerca de 28,53 milhões de toneladas.
Já a comercialização da safra velha (2021/22) envolve 86,1% da produção, ante 89,2% no mesmo período do ano passado e uma média histórica de 91,3%.
Após prejuízos à produção causados por uma seca no Sul do país, a Safras acredita que foram colhidos 125,88 milhões de toneladas de soja em 2021/22 e, com isso, 108,354 milhões estariam comercializados.
(Por Rafaella Barros e Naiara Figueiredo)