SÃO PAULO (Reuters) - As vendas antecipadas da safra de soja do Brasil 2015/16, que será plantada nos próximos meses, saltaram para 17 por cento até o fim de junho, estimuladas por altas nos preços e câmbio favorável, estimou nesta sexta-feira a consultoria AgRural.
Até o fim de maio, as vendas antecipadas estavam em 6 por cento. No fim de junho de 2014, as vendas de safra nova chegavam a 3 por cento.
"Após um início de mês calmo, Chicago deixou a segunda quinzena de junho agitada no mercado brasileiro da soja. As cotações voltaram a trabalhar em alta e, com o dólar operando acima de 3 reais, muitos produtores aproveitaram o momento para comercializar a próxima safra", disse a analista da AgRural Daniele Siqueira em relatório.
O Centro-Oeste segue à frente nas vendas para 2015/16, com 21 por cento do total, estimou a consultoria.
Em Mato Grosso, a saca para entrega em fevereiro de 2016 chegou a ser negociada por 58 reais em Sorriso, ou 6,70 reais acima do preço médio de maio.
O contrato novembro da soja na bolsa de Chicago, o mais negociado atualmente e que serve de referência para o mercado, acumula alta de quase 14 por cento desde a metade de junho.
Na mesma linha, o indicador Cepea/BM&FBovespa referente à soja comercializada no porto de Paranaguá (PR) atingiu 71,27 reais por saca na quinta-feira, maior patamar em mais de 12 meses.
"Os preços da soja em grão e do farelo estão em forte alta no Brasil, impulsionados pelas maiores demandas interna e externa. A exportação de soja em junho foi recorde. O suporte é dado também pela retração de vendedores internos, pelo excesso de chuva nos Estados Unidos e pelas estimativas de área e estoques abaixo do esperado naquele país", disse o Cepea, centro de pesquisa da Universidade de São Paulo, em análise semanal publicada nesta sexta.
As vendas da safra 2014/15, já colhida, avançaram para 77 por cento do total, estimou a AgRural, alta de 9 pontos percentuais ante o fim de maio, mas continuam atrás dos 81 por cento registrados um ano atrás.
"Sojicultores... indicam que devem voltar a comercializar maior volume apenas nos próximos meses, na expectativa de que os valores sigam em alta", segundo o Cepea.
(Por Gustavo Bonato)