Por Marta Nogueira e Roberto Samora
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - As vendas de diesel por distribuidoras no Brasil em junho saltaram 33,1 por cento em relação ao mês anterior, para 5 bilhões de litros, com o fim da greve dos caminhoneiros e com os subsídios concedidos a fornecedores do combustível, como a Petrobras (SA:PETR4), reduzindo preços, apontou nesta quarta-feira a reguladora ANP.
O volume, que já considera uma mistura de 10 por cento de biodiesel, apresentou ainda uma alta de 7,4 por cento ante o sexto mês de 2017.
No acumulado do primeiro semestre de 2018, contudo, houve aumento de apenas 0,8 por cento nas vendas do combustível mais comercializado no país.
De acordo com a autarquia, as vendas de diesel de junho foram impactadas por uma "intensificação dos transportes de carga, após a demanda represada no fim de maio", durante a greve dos caminhoneiros, e por uma queda dos preços nos postos de revenda após atendida demandas das paralisações.
Os caminhoneiros protestaram durante 11 dias contra os elevados preços do diesel. Para encerrar a greve, o governo prometeu aos manifestantes cortar os valores nos postos de combustíveis em 46 centavos por litro, por meio de subsídios ao diesel fóssil e corte de impostos federais e estaduais.
O biodiesel, que representa 10 por cento do diesel vendido nos postos, não recebeu qualquer subsídio.
Embora o corte não tenha sido atingido em junho, conforme o previsto, a ANP ressaltou que naquele mês os preços ao consumidor final apresentaram queda de 11,47 por cento, em relação a maio, em meio aos esforços do governo.
Ao longo de junho, o volume importado de diesel A (sem a mistura de biodiesel) caiu 9 por cento ante maio, apontou a ANP. "Com isso, a participação do volume importado nas vendas caiu de 21,7 por cento, em maio deste ano, para 14,8 por cento no mês de junho", disse a ANP.
Já na comparação anual, a variação do volume importado de diesel apresentou redução de 45,4 por cento.
GASOLINA E ETANOL
O fim das greves dos caminhoneiros também impactou as vendas de gasolina C (já misturada com etanol anidro) pelas distribuidoras no Brasil em junho, que somaram 3,1 bilhões de litros, alta de 2,4 por cento ante maio. Entretanto, na comparação com junho de 2017, houve uma queda de 16,51 por cento.
A ANP ressaltou que "sazonalmente o volume de vendas de gasolina comum no mês de junho não sofre grandes elevações em relação ao mês anterior em decorrência da evolução da safra de cana-de-açúcar, que acirra a concorrência com o etanol hidratado.
"No acumulado do ano, a redução de 11,98 por cento do volume comercializado de gasolina C reflete o aumento do volume de vendas de etanol hidratado", disse a ANP.
Dessa forma, o volume acumulado de vendas do total do ciclo Otto, que considera gasolina e etanol, no primeiro semestre de 2018, ficou 4 por cento abaixo do ano anterior.
No mês em análise, o volume total de importações de gasolina A (sem a mistura de etanol) apresentou variação negativa de 57 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.
As vendas do etanol hidratado pelas distribuidoras, por sua vez, cresceram 13,39 por cento ante maio e avançaram 42,24 por cento em relação a junho de 2017, para 1,5 bilhão de litros.
O volume comercializado de etanol hidratado acumulado na primeira metade de 2018 foi 38,45 por cento superior ao verificado no mesmo período do ano anterior.
"O expressivo aumento na demanda do biocombustível está relacionado ao efeito substituição do etanol hidrato em relação à gasolina, em razão dos preços mais competitivos do biocombustível vis-à-vis ao combustível fóssil", disse ANP.
(Por Marta Nogueira e Roberto Samora)