CARACAS (Reuters) - Autoridades venezuelanas prenderam o ex-ministro da Indústria e do Petróleo Pedro Tellechea, disse o procurador-geral Tarek Saab nesta segunda-feira, na mais recente detenção ligada à gestão da indústria petrolífera na Venezuela.
Em uma declaração no Instagram, Saab disse que Tellechea foi preso na madrugada de domingo por supostos "crimes graves contra os mais altos interesses da nação".
Tellechea, de 48 anos, foi detido com seus colaboradores mais próximos, disse o comunicado, sem identificá-los. A declaração acrescentou que Tellechea entregou parte da empresa petrolífera estatal PDVSA a uma companhia controlada pelos serviços de inteligência dos EUA.
Tellechea anunciou sua renúncia ao cargo de ministro da Indústria em uma publicação nas redes sociais na sexta-feira, citando problemas de saúde.
Em agosto, o presidente Nicolás Maduro conduziu uma grande reformulação do gabinete, transferindo Tellechea do Ministério do Petróleo para o Ministério da Indústria e entregando a principal pasta do petróleo do país à vice-presidente Delcy Rodriguez.
Tellechea foi encarregado de combater a corrupção endêmica da empresa estatal e impulsionar suas finanças quando foi nomeado para chefiá-la, em janeiro de 2023. Dois meses depois, sua responsabilidade foi expandida para incluir o Ministério do Petróleo.
Uma investigação de corrupção na PDVSA levou a uma série de prisões importantes em abril, incluindo a do ex-ministro do Petróleo Tareck El Aissami, que já foi um dos funcionários mais influentes de Maduro.
Tellechea conquistou o apoio dos trabalhadores em sua função anterior como chefe da empresa petroquímica estatal Pequiven ao incluir ocasionalmente Nutella, a pasta de avelã e chocolate que é um luxo raro na Venezuela, nas caixas mensais de alimentos dos funcionários.
Membro da Opep, a Venezuela é um dos principais países produtores de petróleo da América Latina, mas seu desempenho caiu drasticamente durante mais de uma década de Maduro no poder, devido ao subinvestimento e aos cinco anos de sanções dos EUA à indústria.
A produção de petróleo do país se recuperou ligeiramente nos últimos anos.
Após a eleição de julho na Venezuela -- que as autoridades dizem que Maduro venceu, mas que a oposição diz ter sido uma vitória retumbante para seu candidato -- alguns membros da oposição pediram às autoridades norte-americanas que alterassem ou retirassem as licenças de petróleo que geram renda para o governo.
No início deste ano, o governo de Joe Biden retirou temporariamente as rígidas sanções ao petróleo da era Trump, com base em um acordo eleitoral entre o governo e a oposição. Elas foram reimpostas logo depois, com os EUA dizendo que Maduro não havia cumprido o acordo.
Autoridades dos EUA disseram que Washington está estudando atentamente possíveis novas sanções.
(Reportagem de Deisy Buitrago; texto de Sarah Morland)