Por Catarina Demony
MONTEMOR-O-NOVO, Portugal (Reuters) - De sua casa em Portugal, Ai Weiwei, o famoso dissidente chinês cuja arte sempre criticou as políticas do governo de Pequim, disse que a recente onda de protestos contra as restrições decorrentes da Covid-19 não irá abalar o governo de Xi Jinping, porque o a polícia simplesmente os reprimiria em silêncio.
Os manifestantes tomaram as ruas de Xangai, Pequim e outras cidades chinesas nos últimos dias para protestar contra as medidas da Covid-19 e as restrições à liberdade, uma demonstração de desobediência civil sem precedentes desde que o líder Xi assumiu o poder.
Quase três anos após a pandemia, a China diz que suas políticas não são voltadas para ter zero casos o tempo todo, mas para agir "dinamicamente" quando os casos surgem.
Sentado em seu jardim, Ai disse que os manifestantes provavelmente não continuariam -- não apenas porque as forças de segurança reprimiriam aqueles que se manifestavam, mas também porque os próprios manifestantes careciam de organização e liderança.
“Não há uma agenda política clara, então é muito fácil simplesmente prendê-los e seguir em frente", disse Ai à Reuters nesta segunda-feira, acrescentando que houve mais "exigências" em 1989, quando houve uma sangrenta repressão a manifestantes pró-democracia na Praça da Paz Celestial e nos arredores de Pequim.
“Mesmo que algo aconteça na escala de Hong Kong ou na escala de 1989, ainda não vai abalar o governo", acrescentou.