Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A empresa farmacêutica chinesa Sinopharm e o governo do Paraná esperam enviar dentro de 15 dias pedido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a realização do quarto teste de uma potencial vacina para Covid-19 no Brasil, após assinatura de acordo entre a estatal chinesa e o Estado, afirmou nesta quarta-feira o instituto paranaense que conduzirá os trabalhos no país.
A candidata a vacina da Sinopharm, que, segundo a empresa chinesa, pode estar pronta para aplicação na população até o final deste ano, se somará às vacinas produzidas por Oxford/AstraZeneca, Sinovac Biotech e pela parceira Pfizer/BioNTech entre as candidatas com testes de Fase 3 realizados no Brasil.
"O protocolo de validação em desenvolvimento irá definir o número mínimo de pessoas que participarão dos testes. E, possivelmente, os profissionais da saúde, por estarem na linha de frente do enfrentamento da pandemia, devem ser aqueles testados inicialmente", disse à Reuters o diretor-presidente do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Jorge Callado.
"Trabalhamos com a expectativa de finalizar o protocolo de validação e submetê-lo aos órgãos regulatórios em cerca de 15 dias", afirmou, acrescentando que hospitais universitários do Estado poderão apoiar a vacinação na fase de testes clínicos.
O Brasil se tornou um importante cenário para testes de possíveis vacinas para a Covid-19 devido à intensa circulação do vírus no país, que na semana passada registrou o maior número de casos em uma semana epidemiológica desde o início da pandemia.
As candidatas a vacina de Oxford/AstraZeneca e Sinovac Biotech já começaram a ser testadas no país, que tem acordos com os respectivos laboratórios internacionais para obtenção de doses da vacina e posterior produção local, caso se provem eficazes e seguras. A vacina de Oxford será produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), como parte de acordo fechado pelo Ministério da Saúde, enquanto a vacina chinesa está sendo desenvolvida em parceira com o Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo.
O acordo da Sinopharm com o governo do Paraná também prevê a transferência de tecnologia para produção própria, caso a vacina seja aprovada para uso.
"Neste estágio da parceria estamos focados na realização dos estudos clínicos em Fase 3 e aguardando os resultados da testagem no Brasil. Vencida a etapa da Fase 3, iniciaremos um novo protocolo com a empresa Sinopharm, para tratarmos da questão da produção", afirmou Callado.
A vacina experimental da Sinopharm já está na Fase 3 de ensaios clínicos nos Emirados Árabes Unidos, envolvendo cerca de 15 mil voluntários e duas variações de vacina.
Além do acordo com a empresa chinesa, o Paraná também iniciou negociações com o governo da Rússia para uma possível parceria na produção de uma vacina desenvolvida naquele país, de acordo com o governo paranaense.
Uma fonte a par do assunto disse à Reuters nesta quarta-feira que a primeira vacina contra Covid-19 da Rússia receberá aprovação regulatória local na primeira metade de agosto e será administrada a profissionais de saúde da linha de frente pouco depois.
"O Paraná também pode se tornar parceiro da Rússia na produção da vacina contra o novo coronavírus que está em fase final de testes naquele país. O assunto deve ser tratado pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior nos próximos dias com o embaixador da Rússia no Brasil, Sergey Akopov", informou o governo em nota.
Mais de 100 possíveis vacinas estão sendo desenvolvidas em todo o mundo para tentar deter a pandemia de coronavírus. Ao menos quatro estão na Fase 3 de testes em humanos.