Por Marina Lammertyn
BUENOS AIRES (Reuters) - "Se ficar em casa sem fazer nada, morro", pensou Sergio Butara quando o governo argentino anunciou uma quarentena obrigatória para lidar com a pandemia de coronavírus no final de março.
O comerciante de Ramallo, uma cidadezinha de menos de 20 mil habitantes da província de Buenos Aires, criou então uma loteria virtual para entreter seus vizinhos em meio à angústia provocada pelo vírus, sem imaginar que milhares de pessoas de todo o mundo acabariam participando.
Dono de um posto de combustíveis e de uma loja de pneus na cidade, ele teve a ideia de reunir as famílias de noite para jogarem em uma loteria, que improvisou com materiais que tinha em casa, através de sua conta de Facebook.
No dia 23 de março, com a ajuda das filhas de 12 e 15 anos, ele compartilhou sua primeira publicação simples convidando vizinhos e amigos a participarem do "Bingo Saúde", com prêmios que ele mesmo doou de seu posto.
"Não imaginava que neste dia, quatro horas depois de ter feito a primeira publicação, haveria 85 famílias jogando. No dia seguinte já eram 120 famílias reunidas jogando, como nos velhos tempos", disse Butara, de 48 anos.
"O que o coronavírus trouxe, além de todo o mal, foi a união das famílias que procuram coisas para fazer juntas", acrescentou.
Na terça-feira ele já havia chegado a reunir três mil famílias, não só de Ramallo mas do Chile, Venezuela, Espanha e Itália, entre outros países com famílias que enviam seus cartões feitos à mão a Sergio via Whatsapp para que ele os registre.
Duas semanas depois de criada, a página de Facebook já conta com quase 4 mil seguidores.