Por Stephanie Nebehay
GENEBRA (Reuters) - Um novo sistema global transparente deveria ser criado para apurar surtos de doenças, habilitando a Organização Mundial da Saúde (OMS) a enviar investigadores com pouca antecedência e revelar suas descobertas, disse uma comissão de estudo da pandemia de Covid-19 nesta quarta-feira.
A OMS deveria ter declarado o novo surto de coronavírus na China uma emergência internacional antes de 30 de janeiro de 2020, mas o mês seguinte foi "perdido" porque os países não adotaram medidas fortes para deter a disseminação do patógeno respiratório, disse a comissão.
Em um grande relatório sobre a reação à pandemia, os especialistas independentes pediram reformas ousadas na OMS e uma revitalização dos planos de prontidão nacional para evitar outro "coquetel tóxico".
"É essencial ter uma OMS empoderada", disse Helen Clark, copresidente da comissão e ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, aos repórteres no lançamento do relatório "Covid-19: Façam Dela a Última Pandemia".
Ellen Johnson Sirleaf, também copresidente do grupo e ex-presidente da Libéria, disse: "Estamos pedindo um novo sistema de vigilância e alerta que se baseie na transparência e permita à OMS publicar informações imediatamente".
Ministros da Saúde debaterão as conclusões na abertura da assembleia anual da OMS em 24 de maio. Diplomatas dizem que a União Europeia está estimulando os esforços de reforma da agência da Organização das Nações Unidas (ONU), o que exigirá tempo.
Permitiu-se que o vírus SARS-CoV-2, que surgiu na cidade chinesa central de Wuhan no final de 2019, se transformasse em uma "pandemia catastrófica" que já matou mais de 3,4 milhões de pessoas e devastou a economia mundial, disse o relatório.
"A situação na qual nos encontramos hoje poderia ter sido evitada", disse Johnson Sirleaf. "Ela se deve a uma miríade de erros, lacunas e atrasos na prontidão e na reação."
Médicos chineses relataram casos de pneumonia atípicas em dezembro de 2019 e informaram as autoridades, e a OMS recebeu relatos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Taiwan e outros, disse a comissão.
Mas o Comitê de Emergência da OMS deveria ter declarado uma emergência de saúde internacional em sua primeira reunião de 22 de janeiro, ao invés de esperar até 30 de janeiro, afirmou o relatório.
O comitê não recomendou restrições de viagens devido aos Regulamentos Internacionais de Saúde da OMS, que precisam ser reformulado, segundo o documento.