Por David Ljunggren e Allison Lampert
OTTAWA/MONTREAL (Reuters) - As iniciativas do Canadá para achatar a curva de casos do coronavírus colocaram o país próximo de zero mortes por Covid-19 pela primeira vez desde março, mas as autoridades vêem sinais preocupantes de uma possível nova onda conforme as províncias suspendem as restrições.
Por meses, os canadenses seguiram regras rígidas de saúde pública sobre movimentos sociais, enquanto as 10 províncias fecharam rapidamente grandes partes de suas economias, aumentaram a realização de testes e as capacidades das unidades de tratamento intensivo.
Algumas províncias proibiram viagens internas enquanto Ottawa proibiu a entrada de visitantes internacionais, fechou a fronteira terrestre para viagens não essenciais com os Estados Unidos --que se tornaram um epicentro global da pandemia--, destacando também equipes militares para trabalharem em casas de repouso atingidas pelo vírus.
Oito novas mortes por conta do vírus foram registradas na noite de terça-feira, atingindo um total de 8.798, segundo dados do governo, enquanto o número total de casos cresceu em 331, para 108.486. Em contraste, os Estados Unidos estabeleceram recentemente um recorde diário de 60.500 novos casos registrados, enquanto o número total de mortos subiu para mais 135 mil.
Mas especialistas de saúde e políticos temem que os sacrifícios feitos pelos canadenses possam ser em vão conforme o país se dirige à reabertura total, incluindo de suas escolas, especialmente na região central, a mais populosa do Canadá; e as autoridades dos Estados Unidos lutam para conter a propagação dos casos ao sul da fronteira.
"Todos estão se preparando para uma potencial alta de casos... Eu acredito que isso seja inevitável", disse o dr. Isaac Bogoch, um especialista em doenças infecciosas no Hospital Geral de Toronto.
"Reabrir a economia não é um caminho linear. Haverá reveses e nós muito provavelmente teremos de restabelecer restrições de saúde pública em algumas áreas por conta de eventuais números inaceitáveis de novos casos."
(Reportagem adicional de Kelsey Johnson em Ottawa e Allison Martell e Moira Warburton em Toronto)