Por Benoit Van Overstraeten e Sudip Kar-Gupta
PARIS (Reuters) - A França deveria impor um lockdown nacional, dado o aumento de casos de Covid-19, e quanto mais esperar, maior será o número de mortes, disse o chefe de uma unidade de emergência de um hospital de Paris nesta sexta-feira.
Na quinta-feira, o governo disse que um novo lockdown não está em pauta e que na próxima semana verá se lockdowns municipais de final de semana serão necessários em 20 áreas consideradas muito preocupantes, inclusive Paris e a região ao redor.
"Não entendo o que estamos esperando", disse Philippe Juvin, do Hospital Europeu Georges Pompidou da capital, à BFM TV, acrescentando que a situação nos hospitais da área de Paris é muito tensa.
"À medida que nos aproximamos mais do pico da epidemia, cada dia passado sem se tomar uma decisão cobra um preço alto."
De sua parte, a prefeitura parisiense insiste em uma proposta de imposição de um lockdown rigoroso de três semanas para depois cogitar reabrir os estabelecimentos, inclusive bares, restaurantes e instalações culturais fechadas desde outubro.
O porta-voz do governo, Gabriel Attal, disse que a gestão estudará a proposta de Paris, mas expressou alguma dúvida sobre o quão eficaz ela seria.
Juvin citou um estudo segundo o qual 13 mil vidas teriam sido salvas se o lockdown francês de março a maio do ano passado tivesse começado uma semana antes. O estudo ainda mostrou que, se o lockdown tivesse sido adiado em uma semana, o número de mortes teria aumentado em 53 mil.
As autoridades de saúde da França relataram 25.403 casos novos na quinta-feira, um aumento na comparação com os 22.501 de uma semana atrás, confirmando a tendência de alta recente da doença, principalmente por causa das novas variantes.
A média móvel de casos diários novos de sete dias está em 21.452, a mais alta em mais de três meses. Com 3.687.000 casos relatados no total, a França tem a sexta maior cifra do mundo, e seus 85.582 óbitos representam a sétima maior quantidade global de mortes.
Ao contrário de alguns de seus vizinhos, a França resiste a um novo lockdown nacional para conter a disseminação de novas variantes mais contagiosas do coronavírus, torcendo para que um toque de recolher noturno em vigor desde 15 de dezembro consiga conter a pandemia.
"Não evitaremos um novo lockdown. E quanto mais esperamos para tomar tal decisão, mais tempo ele durará", opinou Juvin.