Por Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Enquanto cientistas e empresas farmacêuticas trabalham em velocidade alucinante para desenvolver um vacina contra o novo coronavírus, autoridades de saúde pública e parlamentares graduados dos Estados Unidos estão alertando para a falta de planejamento do governo do presidente norte-americano, Donald Trump, para uma distribuição nacional.
Normalmente, o governo federal desempenha um papel destacado no financiamento e na supervisão da fabricação e da distribuição de vacinas novas, que muitas vezes dependem de ingredientes escassos e precisam ser feitas, armazenadas e transportadas cuidadosamente.
Não haverá vacinas suficientes para todos os 330 milhões de norte-americanos de imediato, por isso o governo também tem um papel na decisão de quem a receberá primeiro e na conscientização de um público desconfiado sobre vacinas a respeito de seus possíveis méritos para poupar vidas.
Neste momento, não está claro quem em Washington está a cargo da supervisão, e muito menos de quaisquer detalhes essenciais, disseram à Reuters algumas autoridades de saúde estaduais e membros do Congresso.
Na semana passada, um funcionário de alto escalão do governo Trump disse à Reuters que a Operação Dobra Espacial, uma força-tarefa da Casa Branca anunciada em maio para acelerar vacinas e tratamento contra a Covid-19, está "comprometida em implantar o plano (de vacina) e distribuir contramedidas médicas o mais rápido possível".
Mas o doutor Robert Redfield, diretor do Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), disse em uma audiência do Senado realizada em 2 de julho que sua agência comandará a campanha para desenvolver e distribuir uma vacina contra o coronavírus. "Esta realmente é a responsabilidade principal do CDC", disse.
O senador republicano Roy Blunt, que preside uma comissão que supervisiona o financiamento de programas de saúde, é um dos vários parlamentares que pressionam para que o CDC lidere o esforço.
"Eles são a única agência federal com um histórico comprovado de distribuição de vacinas e acordos de longa data com departamentos de saúde de todo o país", disse Blunt em um comunicado em meados de julho.
Os EUA são os líderes mundiais de mortes ligadas à Covid-19 --mais de 150 mil em cinco meses. Depois de subestimar a ameaça do vírus, Trump e seus assessores agora estão envolvidos em disputas internas sobre como administrar a crise a três meses da eleição na qual buscará se reeleger enfrentando o candidato presidencial democrata Joe Biden.
Enquanto isso, algumas autoridades de saúde estaduais dizem que seus apelos ao governo Trump não têm sido ouvidos.
"Não ouvimos nada do governo federal desde 23 de abril", disse Danielle Koenig, supervisora de promoção da saúde do Departamentos de Saúde do Estado de Washington, em um email.
(Por Richard Cowan)