Por Tanvi Mehta e Sanjeev Miglani
NOVA DÉLHI (Reuters) - A Índia registrou mais de 4 mil mortes por Covid-19 pelo segundo dia consecutivo nesta quinta-feira, e as infecções se mantiveram abaixo de 400 mil pelo quarto dia, mas o vírus se tornou descontrolado em áreas rurais, onde os casos não são relatados devido à falta de exames.
Especialistas ainda não conseguem dizer com certeza quando as cifras atingirão um pico, e cresce o temor da transmissibilidade da variante que está impulsionando as infecções na Índia e se disseminando por todo o mundo.
Bhramar Mukherjee, professora de epidemiologia da Universidade do Michigan norte-americana, disse que a maioria dos modelos previu um pico nesta semana e que o país pode estar vendo sinais desta tendência.
Mesmo assim, o número de casos novos diários é grande o suficiente para sobrecarregar os hospitais, disse ela no Twitter. "A palavra-chave é otimismo cauteloso".
A situação é particularmente ruim em áreas rurais de Uttar Pradesh, Estado mais populoso da Índia com seus mais de 230 milhões de habitantes. Imagens de televisão mostraram famílias chorando pelos mortos em hospitais rurais ou acampando em alas hospitalares para cuidar dos doentes.
Corpos aparecem nas margens do Rio Ganges, o rio que atravessa o Estado, já que os crematórios estão lotados e a madeira para piras funerárias está escassa.
"As estatísticas oficiais não dão nenhuma ideia da pandemia devastadora que está assolando o interior de Uttar Pradesh", escreveu o conhecido ativista e político de oposição Yogendra Yadav no The Print.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, a Índia teve 362.727 infecções novas de Covid-19 nas últimas 24 horas, e as mortes aumentaram em 4.120.
Ao menos dois Estados indianos disseram que planejam dar às suas populações o remédio antiparasitário ivermectina para proteger contra infecções graves de Covid porque seus hospitais estão repletos de pacientes em estado crítico.
Essa decisão, adotada pelos Estados de Goa, no litoral, e de Uttarakhand, no norte, foram tomadas apesar dos alertas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de outras entidades contra a aplicação do remédio.
A disparada de infecções parece estar recuando na capital Nova Délhi, uma das áreas mais atingidas do país. Manish Sisodia, vice-ministro-chefe do Estado de Délhi, disse aos repórteres que a taxa de infecções em relação ao número de pessoas examinadas caiu de 35% para 14% e que a procura por oxigênio medicinal, que ficou escasso durante semanas, também diminuiu.
(Por Chandini Monnappa em Bengaluru em Tanvi Mehta em Nova Délhi)