Por Lucia Mutikani
WASHINGTON (Reuters) - O número de norte-americanos que entraram com pedidos de auxílio-desemprego pela primeira vez aumentou ainda mais na semana passada, sugerindo que uma explosão de novas infecções por Covid-19 e restrições comerciais estão impulsionando as dispensas e minando a recuperação do mercado de trabalho.
Ainda assim, a economia começou o quarto trimestre de forma sólida, com os gastos dos consumidores e os investimentos empresariais em equipamentos superando as expectativas de analistas em outubro.
Mas isso provavelmente é insuficiente para afastar a grande nuvem que paira sobre a economia. A renda pessoal caiu no mês passado e pode recuar mais com ao menos 12 milhões de norte-americanos prestes a perder o auxílio-desemprego financiado pelo governo um dia depois do Natal.
O benefício, parte de um pacote de alívio ao coronavírus de mais de 3 trilhões de dólares, contribuiu para um crescimento recorde da economia no terceiro trimestre.
Outro pacote de resgate é esperado apenas para depois que o presidente eleito Joe Biden tomar posse, em 20 de janeiro. O atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está fortemente focado em contestar sua derrota eleitoral para Biden.
Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego totalizaram 778 mil, em dado com ajuste sazonal, na semana encerrada em 21 de novembro, em comparação com 748 mil na semana anterior, informou o Departamento do Trabalho dos EUA nesta quarta-feira.
Foi o segundo aumento semanal seguido e superou a expectativa de economistas consultados pela Reuters de 730 mil solicitações.
O relatório semanal de pedidos de auxílio-desemprego, o dado mais tempestivo sobre a saúde da economia, foi publicado um dia antes por causa do feriado norte-americano do Dia de Ação de Graças, na quinta-feira.
Os Estados Unidos foram afetados por uma nova onda de infecções por coronavírus, com os casos diários excedendo 100 mil desde o início de novembro. Mais de 12 milhões de pessoas foram infectadas no país, de acordo com uma contagem de dados oficiais da Reuters.
A doença respiratória matou mais de 259 mil norte-americanos e as hospitalizações estão disparando, levando os governos estaduais e locais a reimpor uma série de restrições à vida social e econômica nas últimas semanas, o que poderia manter os pedidos de auxílio-desemprego acima do pico de 665 mil visto durante a Grande Recessão de 2007-09.
Em um segundo relatório, o Departamento do Comércio disse que os gastos dos consumidores, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, subiram 0,5% no mês passado depois de ganho de 1,2% em setembro.
Mas a renda pessoal caiu 0,7%, revertendo a alta de 0,7% em setembro. Economistas previam aumento de 0,4% nos gastos dos consumidores.
"Não fossem por acontecimentos recentes relacionados ao vírus, parece que o PIB estaria a caminho de um quatro trimestre bastante robusto", disse Daniel Silver, economista do JPMorgan. "Mas considerando o recente aumento nos novos casos de Covid-19, achamos que os dados vão enfraquecer em novembro e dezembro."
A esperada desaceleração nos gastos dos consumidores deve ser contida de alguma forma por sólidos investimentos empresariais diante de lucros robustos, garantindo que a economia continue a crescer no quarto trimestre, ainda que em um ritmo moderado.
As encomendas de bens de capital excluindo defesa e aeronaves, medida observada de perto para os planos de gastos empresariais, aumentaram 0,7% em outubro, disse o Departamento do Comércio em um terceiro relatório.
O departamento também confirmou o ritmo histórico de expansão da economia no terceiro trimestre. O Produto Interno Bruto norte-americano cresceu a uma taxa anualizada não revisada de 33,1%, disse o governo em sua segunda estimativa do terceiro trimestre.
A economia recuou a uma taxa de 31,4% no segundo trimestre, a queda mais profunda desde que o governo começou a manter registros em 1947.
As estimativas de crescimento para o quarto trimestre estão abaixo de uma taxa anualizada de 5%.