Por Danish Siddiqui e Sanjeev Miglani
NOVA DÉLHI (Reuters) - As mortes por coronavírus da Índia passaram de 250 mil nesta quarta-feira, as 24 horas mais letais desde o início da pandemia, e a doença se alastra pelo interior do país, sobrecarregando um sistema de saúde rural frágil.
Atiçada por variantes altamente infecciosas, a segunda onda começou em fevereiro, sobrecarregando hospitais e equipes médicas, além de crematórios e necrotérios. Especialistas ainda não conseguem dizer com certeza quando as cifras atingirão um pico.
As mortes aumentaram um recorde de 4.205, e as infecções subiram 348.421 nas 24 horas transcorridas até esta quarta-feira, elevando o total de casos acima dos 23 milhões, mostraram dados do Ministério da Saúde --mas especialistas acreditam que os números reais podem ser de 5 a 10 vezes maiores.
Piras funerárias ardem em estacionamentos, e dezenas de corpos aparecem nas margens do sagrado Rio Ganges depois de terem sido imersos por parentes cujos vilarejos ficaram sem madeira para cremações.
Na falta de leitos, remédios e oxigênio medicinal, hospitais são forçados a recusar levas de doentes, e histórias de familiares desesperados em busca de alguém que trate de entres queridos se tornaram desoladoramente comuns.
Muitas vítimas morrem sem um médico ao alcance para emitir uma certidão de óbito, e mesmo quando um está disponível a Covid-19 não é especificada como causa da morte a menos que o falecido tenha feito um exame da doença, o que é o caso de poucos.
Embora a curva de infecções possa estar dando os primeiros sinais de achatamento, os casos novos provavelmente recuarão lentamente, disse o virologista Shahid Jameel.
"Parece que estamos tendo platôs de cerca de 400 mil casos por dia", disse ele, segundo citação do jornal Indian Express.
Com uma população de 1,4 bilhão de habitantes, a Índia responde por metade dos casos e 30% das mortes em todo o mundo, disse a Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu relatório semanal mais recente.
O impacto total da variante B.1.617 encontrada na Índia, que a agência designou como um perigo global, ainda não está claro, acrescentou.
As infecções diárias estão disparando no interior na comparação com cidades grandes, onde diminuem desde a disparada do mês passado, segundo especialistas.
Mais da metade dos casos desta semana em Maharashtra, Estado do oeste indiano, surgiram em áreas rurais --um mês atrás eram um terço. Esta parcela é de quase dois terços em Uttar Pradesh, Estado mais populoso do país e essencialmente rural, mostraram dados do governo.
(Por Anuron Kumar Mitra e Manas Mishra em Bengaluru, Tanvi Mehta em Nova Délhi e Stephanie Nebehay em Genebra)