Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira que não vai decretar o fim da pandemia de Covid-19 no Brasil após o presidente Jair Bolsonaro ter dito publicamente que Queiroga estudava reclassificar a crise sanitária para endemia.
Em entrevista, o ministro e o secretário-executivo da pasta, Rodrigo Cruz, explicaram que o ministério avalia apenas encerrar o Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) em vigência há mais de dois anos.
Esse tipo de estado de emergência dá maior liberdade ao gestor público para tomar decisões para fazer frente à crise sanitária.
Segundo Queiroga, mesmo para a decisão sobre o estado de emergência, ainda que seja um ato discricionário do ministro, é preciso uma "série de análises".
"É verdade que eu tenho a caneta BIC que o presidente Bolsonaro me deu, mas aí eu tenho que usar essa caneta de maneira apropriada e ele pediu prudência", destacou.
Também na entrevista, Rodrigo Cruz reforçou que não está sob a alçada da pasta "rebaixar" o nível da pandemia para endemia.
"O que compete ao Ministério da Saúde é o fim da emergência de aspecto nacional", observou.
No início de março, Bolsonaro havia dito em uma rede social que Queiroga estudaria reclassificar para endemia a pandemia de Covid-19 no Brasil.
"Em virtude da melhora do cenário epidemiológico..., o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, estuda rebaixar para ENDEMIA a atual situação da Covid-19 no Brasil", disse ele, em postagem no Facebook (NASDAQ:FB).
O próprio ministro, mais tarde, confirmou a informação, acrescentando que a decisão seria baseada em critérios técnicos e levaria em conta todo o contexto da doença no país.
"Estamos perto de chegar a esse ponto", disse Queiroga na ocasião.