Por Catarina Demony e Miguel Pereira
FÁTIMA, Portugal (Reuters) - Florinda, de 77 anos, acordou ao amanhecer desta quinta-feira para comemorar uma das maiores festas religiosas de Portugal, mas não cedo o suficiente para conseguir um lugar do lado de dentro.
Por causa das restrições do coronavírus, ela foi impedida de entrar no Santuário de Fátima e teve que ouvir a missa da rua com centenas de outras pessoas.
"Eles nos deixaram aqui, no frio. Achávamos que conseguiríamos entrar por termos vindo tão cedo", disse ela sentada em uma cadeira de acampamento que levou de casa. Ela conseguia ouvir o padre, mas não vê-lo.
"É complicado, mas tem que ser assim".
Todo dia 13 de maio, grandes multidões de Portugal e de todo o mundo peregrinam a Fátima para comemorar o aniversário dos que os católicos afirmam ter sido uma aparição da Virgem Maria na cidade em 1917.
Devido às restrições, só 7.500 pessoas tiveram acesso ao santuário neste ano --muito menos do que as multidões de 100 mil do passado.
Do lado de dentro, pessoas que haviam chegado ao local ainda mais cedo do que Florinda se mantinham em círculos assinalados para manter o distanciamento social.
Das lojas que vendem estátuas pequenas de santos a restaurantes que alimentam os fiéis, a queda enorme de visitantes também afetou a economia local.
"Está muito ruim... Não há... quase ninguém", disse Gracinda do Espírito Santo, de 60 anos, enquanto esperava clientes do lado de fora de sua loja de suvenires.
"Talvez, daqui a um ano, tudo esteja melhor", disse Sergio Passos, um peregrino de 49 anos, do lado de fora do santuário.
(Por Catarina Demony e Miguel Pereira em Fátima)