Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrava leves oscilações ante o real nesta quinta-feira, com os investidores atentos à cena política, um dia depois que protestos violentos contra o presidente Michel Temer e as reformas fiscais em andamento no Congresso ocorreram em Brasília e após o governo conseguir aprovar medidas provisórias na Câmara.
Às 10:23, o dólar avançava 0,01 por cento, a 3,2793 reais na venda, depois de terminar a véspera em alta de 0,39 por cento, a 3,2791 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,35 por cento.
"Está havendo uma tentativa de melhora do mercado. Todo o mundo está esperando o 6 de junho", comentou o economista-chefe da corretora BGC Liquidez, Alfredo Barbutti, ao destacar a data prevista para a votação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode cassar a chapa Dilma Rousseff-Michel Temer formada para a disputa eleitoral de 2014.
O governo Temer enfrenta uma forte crise política desde que o presidente virou alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução da Justiça, investigação aberta com base em acordo de delação fechado por Joesley Batista, do grupo JBS (SA:JBSS3). O presidente teve uma conversa gravada pelo empresário.
O presidente negou que vá renunciar e o mercado acredita que uma saída para estancar a crise política se dará justamente com a cassação da chapa, com a substituição de Temer por um nome de consenso, que conseguirá dar andamento às votações das reformas estruturais, sobretudo a da Previdência, considerada fundamental para a continuidade do ajuste fiscal.
Na quarta-feira, em mais uma tentativa de tentar mostrar força, o governo conseguiu aprovar medidas provisórias na Câmara, depois que partidos de oposição abandonaram o plenário em protesto contra a decisão de Temer de autorizar a presença de militares para garantir a ordem em Brasília em meio aos protestos violentos.
"Por mais que a dificuldade seja extrema, o governo está dando os últimos sopros no sentido que o mercado quer, o que gera uma certa tranquilidade", avaliou o operador da Ourominas Corretora Maurício Gaioti.
Na véspera, a moeda abandonou a trajetória de baixa e passou a subir justamente por causa da incerteza que os protestos trouxeram aos agentes.
"Ações como as de ontem assustam os investidores que optam pelo refúgio naqueles ativos que representam mais segurança em momentos de crise aguda", justificou a corretora Correparti em comentário matinal.
Profissionais comentaram que a volatilidade dos ativos deve predominar nos próximos dias.
O Banco Central realiza nesta quinta-feira mais um leilão de swap cambial tradicional --equivalente à venda futura de dólares-- com oferta de até 8 mil contratos para rolagem do vencimento de junho.
No exterior, o dólar operava em baixa ante uma cesta de moedas e ante algumas divisas emergentes, como os pesos mexicano e chileno.
(Por Claudia Violante)