O bitcoin rompeu a barreira dos US$ 40.000 pela primeira vez em 2023 nesta segunda-feira, 4, e se aproximava de US$ 42.000, devido à expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduza a taxa de juros mais cedo do que o previsto, enquanto o mercado também acompanha a possível aprovação de um fundo de investimento negociado em bolsa (ETF) para a criptomoeda.
A maior moeda digital do mundo disparava 5%, a US$ 41.500, às 8h40 de Brasília, seu nível mais elevado desde maio de 2022 (antes da quebra da stablecoin Terra provocar uma mínima de mais de um ano nos mercados de criptoativos).
A segunda maior moeda digital do mundo, ethereum, também subia forte, 3%, a US$ 2.231, seu nível mais alto desde maio de 2022.
As mineradoras de criptomoedas, como Marathon Digital (NASDAQ:MARA) e Riot Platforms (NASDAQ:RIOT), tiveram forte alta de mais de 10%.
A possibilidade de que o Fed antecipe o corte da taxa de juros no próximo ano tem sustentado os preços das criptomoedas, provocando a desvalorização do dólar e aumentando o interesse pelos ativos de risco.
Alguns agentes do mercado viram os comentários recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, como menos restritivos. Embora Powell tenha sinalizado que os dirigentes poderiam elevar mais as taxas para conter a inflação, ele ressaltou que a política já está em "território contracionista".
Os traders passaram a precificar uma probabilidade de mais de 95% de que o banco central dos EUA mantenha as taxas em dezembro, e mais de 50% de chance de que reduza as taxas já em março de 2024, segundo a Ferramenta de Monitoramento da Taxa do Fed do Investing.com. O Fed tem reunião marcada para os dias 12 e 13 de dezembro.
No entanto, a alta dos preços nos EUA ainda está bem acima da meta anual de 2% do Fed, enquanto o mercado de trabalho também se mostra forte. Dados de payrolls não agrícolas previstos para esta sexta-feira devem trazer mais evidências sobre este último.
A história recente sugere que a perspectiva de taxas de juros mais baixas pode ser favorável para o bitcoin. Em 2021, uma era de política monetária frouxa e aumento da negociação especulativa levou a moeda a atingir um recorde de quase US$ 69.000.
Depois, ela despencou à medida que os custos de empréstimo aumentaram e a indústria de criptomoedas foi abalada por uma série de quebras e repressões regulatórias. Escândalos de alto perfil também abalaram o setor, com um dos casos mais notáveis envolvendo a Binance -- a maior corretora de criptomoedas do mundo. O grupo se declarou culpado de acusações do Departamento de Justiça dos EUA de lavagem de dinheiro em novembro, e agora enfrenta uma multa de mais de US$ 4 bilhões. O ex-diretor executivo Changpeng Zhao se declarou culpado de acusações criminais e renunciou.
Especulação sobre ETF impulsiona o bitcoin
No entanto, o Bitcoin mais que dobrou de valor este ano, com a maior parte dos ganhos ocorrendo nas últimas semanas enquanto os investidores aguardam um possível aval dos reguladores dos EUA para um conjunto de ETFs que acompanham diretamente o preço da criptomoeda.
Vários dos principais gestores de ativos, incluindo a BlackRock (NYSE:BLK) e a Invesco, já protocolaram pedidos com a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) para lançar ETFs de bitcoin. Os defensores de cripto alegam que a aprovação de tais produtos atrairia grandes volumes de capital institucional para o bitcoin. Mas, considerando que produtos como o Grayscale Bitcoin Trust (BTC) (OTC:GBTC) - que acompanha o preço dos contratos futuros de bitcoin - viram o interesse dos investidores diminuir no ano passado, há dúvidas sobre quanto capital institucional um ETF à vista poderia captar.
A SEC não deu nenhum sinal de que pretende aprovar um ETF à vista no curto prazo, embora a Grayscale tenha vencido uma disputa judicial importante contra o regulador para aprovar sua solicitação para um ETF à vista.