MP 1303 caiu: comemoração ou preocupação do mercado, eis a questão?
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de prazos mais longos chegaram a ceder no início desta quinta-feira na esteira das decisões sobre juros dos Estados Unidos e do Brasil na véspera, mas elas migraram para o território positivo ainda pela manhã, acompanhando o avanço dos rendimentos dos Treasuries após números indicarem menos pedidos de auxílio-desemprego que o esperado nos EUA.
Às 12h19, a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 14%, ante o ajuste de 13,929% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2032 marcava 13,365%, ante o ajuste de 13,319%.
Na tarde de quarta-feira o Federal Reserve anunciou corte de 25 pontos-base de sua taxa de referência, para o intervalo de 4% a 4,25%, e indicou mais duas reduções de mesma magnitude até o fim deste ano. À noite, com os mercados já fechados, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou a manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano, reforçando a mensagem de permanência neste patamar por período prolongado.
O corte de juros nos EUA, somado à manutenção no Brasil, corroborava a tendência mais recente de um dólar mais fraco ante o real, o que colocou as taxas longas dos DIs em baixa na abertura da sessão desta quinta-feira. Na ponta curta da curva, em meio à mensagem de cautela do BC sobre a Selic, as taxas oscilavam com altas leves.
No entanto, às 9h30 o Departamento do Trabalho dos EUA informou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego diminuíram 33.000, para 231.000 na semana encerrada em 13 de setembro, na série com ajuste sazonal. A queda reverteu parcialmente o aumento visto na semana anterior. Economistas consultados pela Reuters previam 240.000 pedidos de seguro-desemprego para a última semana.
O resultado veio na contramão de outros indicadores recentes, que sugerem um enfraquecimento do mercado de trabalho norte-americano.
Em reação, os rendimentos dos Treasuries ganharam força, puxando as taxas dos DIs no Brasil, que abriram a tarde com altas ao longo de toda a curva. Às 12h19, o rendimento do Treasury de dez anos -- referência global para decisões de investimento -- subia 4 pontos-base, a 4,114%.
(Por Fabricio de Castro)