Dólar tem alta forte ante o real em meio a receios com a política fiscal
- A alta do Bitcoin perde tração abaixo de uma resistência crítica em meio à realização de lucros.
- Fortes entradas em ETFs e a retomada da acumulação de longo prazo indicam suporte consistente.
- Fatores macroeconômicos podem limitar o ritmo de curto prazo, mas os sinais técnicos apontam para um possível rompimento adiante.
Após um início de outubro bastante positivo, o Bitcoin passou a sofrer com movimentos de realização de lucros ao longo da semana, permanecendo travado em uma zona técnica de resistência importante. Apesar da pressão vendedora no curto prazo, os fundamentos de suporte seguem firmes.
O aumento das entradas institucionais em ETFs à vista, a retomada da acumulação por investidores de longo prazo e o cenário macroeconômico incerto surgem como os principais vetores que devem definir a trajetória do ativo nas próximas semanas.
Fluxos para ETFs reforçam demanda institucional
A quebra da resistência em US$ 120 mil no início do mês, acompanhada de forte volume, confirmou a presença contínua de demanda institucional no mercado. Somente nesta semana, os ETFs à vista registraram entradas líquidas de US$ 2,2 bilhões, o segundo maior volume semanal da história. Essa redução na oferta disponível no mercado spot exerce pressão altista sobre o preço.
Um movimento semelhante ocorreu no mesmo período do ano passado, quando o Bitcoin valorizou mais de 50%. Historicamente, o quarto trimestre costuma ser um dos períodos mais favoráveis para o ativo, reforçando a percepção de que o fluxo institucional pode sustentar novas altas. Além disso, o aumento das posições tanto de grandes investidores (“baleias”) quanto de detentores médios e menores indica um processo de acumulação mais distribuído, o que tende a fortalecer a sustentação do ciclo de alta.
Cenário macro: dólar forte e percepção de risco em mudança
No front macroeconômico, o quadro segue misto. De acordo com a pesquisa mais recente do Federal Reserve de Nova York, as expectativas de inflação para um ano à frente subiram para 3,4%, o maior nível em três anos e meio. O avanço reforça a possibilidade de adiamento dos cortes de juros projetados pelo Fed até 2026.
Mesmo com a paralisação parcial do governo americano limitando a divulgação de dados, os indicadores disponíveis têm sido suficientes para ajustar o posicionamento dos investidores. O dólar ganhou força nas últimas sessões diante desse cenário, o que exerce pressão de curto prazo sobre os criptoativos, especialmente o Bitcoin. Paralelamente, as altas avaliações nas bolsas americanas têm levado investidores a reduzir exposição a ativos de maior risco.
Enfraquecimento do dólar pode reacender o fôlego do Bitcoin
Embora a demanda pelo dólar permaneça forte no curto prazo, a perspectiva de sustentação desse movimento é limitada. Qualquer fator que reduza a confiança na moeda americana pode atuar como catalisador positivo para o Bitcoin.
Além disso, o aumento da realização de lucros em ouro, que recentemente alcançou máximas históricas, pode favorecer o Bitcoin como alternativa de diversificação. Diante da valorização expressiva do ouro ao longo do ano, parte do mercado considera que o Bitcoin segue subavaliado, o que reforça a tese de que uma correção do metal precioso pode abrir espaço para um novo movimento de compra na criptomoeda.
Análise técnica: Bitcoin em fase de consolidação
Do ponto de vista técnico, o Bitcoin parece atravessar um período de definição. Após superar os US$ 120 mil, o ativo perdeu força ao se aproximar da faixa de resistência de US$ 125 mil.
Atualmente, tenta sustentar o suporte na região de US$ 120.300, com resistência imediata em torno da média de US$ 122 mil. A permanência nesse intervalo entre US$ 120 mil e US$ 122 mil indicaria um padrão de consolidação, possivelmente antecedendo um rompimento.
Um rompimento com volume acima dos US$ 122 mil abriria caminho para uma nova perna de alta, com alvos em US$ 125.500 e, em seguida, entre US$ 130 mil e US$ 135 mil. Já no cenário de baixa, a perda do suporte em US$ 120.300 colocaria o nível de US$ 119 mil como referência crítica; abaixo disso, o preço poderia recuar para a faixa de US$ 114 mil a US$ 116 mil ou, em uma correção mais profunda, entre US$ 106 mil e US$ 111 mil.
Os indicadores técnicos apontam para enfraquecimento do momentum de curto prazo. O IFR estocástico diário começa a inclinar-se para baixo a partir da zona de sobrecompra, tornando o suporte em US$ 119 mil ainda mais relevante.
Mesmo assim, enquanto os dados de compra institucional e acumulação se mantiverem sólidos, o atual movimento pode ser interpretado como uma consolidação saudável antes de um novo ciclo de valorização.
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