Durante uma entrevista à Financial Times nesta segunda-feira, dia 3 de fevereiro, o CEO da Mastercard (NYSE:MA), Ajay Banga, revelou os motivos por trás da saída da gigante de pagamentos do projeto Libra, stablecoin liderada pelo Facebook (NASDAQ:FB).
Banga explicou que a ideia de existir uma moeda global motivou a MasterCard a abraçar o projeto. Entretanto, a preocupação com a integridade dos dados, a conformidade e o modelo de negócios fizeram com que a empresa a abandonasse a parceria com o Facebook.
Segundo ele, os membro da associação não se comprometeram a “não fazer nada que não seja totalmente compatível com a lei local”. Com isto, ele quis dizer que o grupo não se comprometeu com estratégias para conhecer seu cliente, anti-lavagem de dinheiro ou gerenciamento de dados.
Além disso, Banga não conseguiu identificar de que forma a Libra ganharia dinheiro:
“Quando você não entende como o dinheiro é ganho, ele é feito de maneiras que você não gosta”.Outra razão apontada pelo CEO foi o fato do Facebook ter colocado a Libra como uma ferramenta de inclusão financeira, mas depois ter proposto uma vinculação da stablecoin a uma carteira digital, a Calibra.
“[O projeto] foi dessa ideia altruísta para a própria carteira. (…) Para inclusão financeira, o governo precisa pagar você nesta [moeda], você precisa recebê-lo como um instrumento que possa entender e precisa poder usá-lo para comprar arroz e bicicletas. Se você for pago em Libra [moeda]. . . que vão para Calibras, que voltam em Libras para comprar arroz, não entendo como isso funciona.”
A respeito de uma possível “ameaça” da Libra contra os sistemas tradicionais de pagamentos, Banga foi enfático:
“Temos mais de 30.000 bancos em todo o mundo conectados com 60 milhões de comerciantes, com bilhões de pessoas em 200 países, com registros legais locais de todos os países incorporados ao sistema. Todo mundo, até os gigantes digitais, percebem que é muito pesado tentar e fazer, e que é melhor, mais rápido e mais barato fazer parceria com a Mastercard”.A Mastercard foi um dos membros fundadores da associação Libra, juntamente com Visa, PayPal e Stripe que deixaram o projeto em outubro de 2019 sem dar muitas explicações.