Por Gertrude Chavez-Dreyfuss
NOVA YORK (Reuters) - Enquanto investidores de bitcoin se preparam para um aguardado ajuste técnico que reduzirá pela metade o novo suprimento da criptomoeda, a pandemia de coronavírus lançou incertezas sobre o esperado rali que historicamente acompanha esse evento.
O 'halving', o terceiro na história de 11 anos do bitcoin, foi amplamente sinalizado. Os dois anteriores alimentaram enormes altas no valor de mercado do bitcoin, mas desta vez há uma incógnita na forma da pandemia de coronavírus, disseram alguns analistas.
"De uma perspectiva de mercado eficiente, qualquer reação fundamental ao halving já devia estar fortemente precificada neste momento", disse Matt Weller, chefe global de pesquisa de mercado da GAIN Capital. "Afinal, é difícil imaginar um evento mais previsível do que uma redução inalterável da oferta que está agendada há mais de uma década em um ativo líquido e muito negociado."
O bitcoin conta com computadores de "mineração" que validam blocos de transações, competindo para resolver quebra-cabeças matemáticos a cada 10 minutos. Em troca, o primeiro minerador a resolver o quebra-cabeça e limpar a transação recebe novos bitcoins.
A tecnologia foi projetada de forma a reduzir pela metade a recompensa para os mineradores após cada 210 mil blocos minerados ou aproximadamente a cada quatro anos, uma medida destinada a manter um controle sobre a inflação. Essa redução na taxa em que um novo bitcoin entra no sistema deve, teoricamente, aumentar seu preço.
O halving pode acontecer nesta segunda-feira, com a maioria das plataformas de bitcoin mostrando que apenas cerca de 100 blocos precisavam ser minerados antes de atingir o limite.
Atualmente, a recompensa da mineração é de 12,5 bitcoins por bloco extraído. Na metade desta semana, a recompensa cairá para 6,25 novos bitcoins.
No período que antecedeu o halving desta semana, o bitcoin subiu cerca de 40% desde o início do ano e mais de 85% em relação a mínima histórica. Nesta manhã, o bitcoin era negociado a 8.925 dólares, mais de 10% abaixo do pico da semana passada.
O primeiro halving ocorreu em novembro de 2012, quando a recompensa de mineração foi reduzida de 50 bitcoins para 25, e o segundo ocorreu em julho de 2016, quando foi reduzida para 12,5 bitcoin. Este evento deflacionário sinalizou historicamente o início dos ralis mais acentuados do bitcoin ao longo de um período de vários anos, embora não antes de uma breve liquidação.
As duas reduções anteriores do bitcoin impulsionaram altas de cerca de 10.000% entre o final de 2012 e 2014 e cerca de 2.500% entre meados de 2016 e a máxima histórica da moeda, em dezembro de 2017, sendo negociada pouco acima de 20 mil dólares, segundo traders.
Existem apenas 21 milhões de bitcoins e mais de 18 milhões já estão em circulação.
Ryan Watkins, analista de pesquisa da plataforma de dados de criptomoedas Messari, acredita que as consequências econômicas da pandemia podem ser um grande obstáculo ao rali do bitcoin após o halving.
Jake Yocom-Piatt, cofundador e líder de projeto da criptomoeda Decred, no entanto, acredita que o halving será um evento positivo para o bitcoin e as criptomoedas, especialmente em uma pandemia.
"Uma pandemia é um evento do tipo deflacionário. A atividade econômica terá uma grande queda. O halving do bitcoin é uma ação necessariamente deflacionária", disse Yocom-Piatt, acrescentando que esse cenário seria otimista para as criptomoedas.
Alguns analistas disseram que há sinais de que um grande rali esteja próximo, com o investimento de pessoas físicas participando do movimento.
Dan Morehead, co-diretor de investimentos da Pantera, disse que o bitcoin pode atingir mais de 115 mil dólares com base na dinâmica da oferta e demanda.
"Sei que o preço pode parecer ridículo para alguns hoje. Mas cinco mil dólares pareciam igualmente ridículos como nossa primeira previsão de preços por escrito quando lançamos o Pantera Bitcoin Fund a 65 dólares por bitcoin", disse Morehead.
"Apenas dizendo que há mais de 50% de chances de que o bitcoin suba - e suba muito".