A pandemia provocou um efeito colossal no perfil do investidor brasileiro, segundo o economista Ricardo Amorim. Em vídeo publicado no Twitter na sexta-feira (21), o especialista atribui a mudança à instabilidade econômica do país.
O autor de “Depois da Tempestade” afirma que agora o brasileiro está interessado em investimentos mais rentáveis e cita as criptomoedas.
Mudança “paradoxal”
Amorim explica que o conservadorismo do investidor brasileiro está conectado diretamente ao histórico econômico do país.
“O investidor brasileiro em geral é extremamente conservador. O Brasil viveu muitas instabilidades macroeconômicas. Crises que provocaram taxas de juros muito altas. Então, os brasileiros se acostumaram a investir apenas em aplicações de renda fixa, grande parte na caderneta de poupança.”
No entanto, o economista acredita que a pandemia provocou uma mudança “paradoxal” no perfil deste grupo.
Para Amorim, o baixo retorno de investimentos tradicionais serviram como gatilhos para os brasileiros explorarem outros mercados.
“Com a pandemia, a taxa básica de juros brasileira [Selic] caiu bastante — perto de zero — chegou a 2%, abaixo do nível da inflação. Os brasileiros foram forçados a buscar investimentos de melhor rentabilidade”, comentou.
Investir fora da zona de conforto
Segundo Amorim, o interesse por investimentos mais rentáveis levou os brasileiros a movimentarem outras classes de ativos.
“Há 3 anos, havia aproximadamente 500 mil pessoas investindo na bolsa. Hoje, há mais de 3,5 milhões. […] Criptomoedas também passaram a receber mais investimentos,” disse.
Essa mudança no perfil dos investidores provocou um volume expressivo de transações com Bitcoin em abril.
Segundo dados do Cointrader Monitor, foram negociados 30.276 Bitcoin por exchanges que atuam no Brasil.
à época, o valor correspondia a R$ 9.707.774.327,44. A quantia é 663% maior do que a transacionada no mesmo período em 2020.
No momento de escrita desta matéria, o BTC está cotado a US$ 37.060,47, cerca de R$ 198.057,04.
Real digital
O crescente interesse em ativos digitais levou o Banco Central do Brasil (BCB) estudar a emissão do “real digital”.
Em agosto, a instituição criou um grupo para discutir os impactos de uma eventual adesão. Em abril deste ano, o presidente do BCB, Roberto Campos Neto, informou que em breve anunciarão novidades do projeto.