Por Gertrude Chavez-Dreyfuss
(Reuters) - Investidores da criptomoeda ether e de seu problemático gêmeo stETH estão ansiosamente antecipando um marco no setor: uma fusão.
Esse é o nome de uma grande atualização da rede blockchain Ethereum, sobre a qual muitos projetos de ativos digitais são desenvolvidos, com o objetivo de torná-la mais enxuta e simples.
A fusão deveria ter acontecido anos atrás, mas foi adiada várias vezes, com desenvolvedores recentemente desistindo de planos para o início em junho, enervando investidores.
Agora, porém, os participantes do mercado estão apostando que o fim da espera está próximo. No Polymarket, um site de criptomoedas onde os usuários fazem apostas com stablecoins na ocorrência de eventos futuros, os investidores precificaram uma chance de 67% de que a atualização, também conhecida como Ethereum 2.0, aconteça até outubro, e uma probabilidade de 13% em setembro.
A Ethereum Foundation afirma que a fusão vai ocorrer entre o terceiro e quarto trimestres deste ano.
Se acontecer, a fusão será um grande alívio para o ether. A segunda maior criptomoeda do mundo atualmente é negociada a 1.170 dólares, bem abaixo dos pouco mais de 3.500 dólares em abril.
A fusão também pode representar o fim de uma provação para os investidores que detêm um token derivado chamado staked ether ou stETH, que representa o ether bloqueado em um ambiente de teste para a atualização e que é difícil de resgatar em escala até pelo menos seis meses após a fusão acontecer.
Mas as dúvidas continuam.
"Ethereum é tão grande que não acho que eles vão conseguir cumprir o prazo a tempo", disse Brent Xu, presidente da Umee, que está construindo uma infraestrutura blockchain para empréstimos e financiamentos.
"As pessoas estão simplesmente assustadas de que seus stETH não vão valer nada porque a fusão provavelmente vai levar mais tempo que o esperado", disse Xu.
QUEDA DO stETH
A atualização fará com que a mineração de ether se afaste da prova de trabalho com uso intensivo de energia. A camada de execução existente do Ethereum se fundirá com o novo sistema de prova de participação por consenso.
Qualquer atraso adicional será uma má notícia para aqueles que detêm stETH, um token criado por um projeto chamado Lido que pode ser convertido em ether em uma base de 1:1 entre seis a 12 meses após a fusão.
Até lá, o stETH é negociado a um preço definido pelo mercado, com a maioria dos negócios ocorrendo em uma plataforma de negociação chamada Curve. Ele atingiu um valor de mercado de 11 bilhões de dólares em maio, de acordo com o site de preços CoinGecko, e até o mês passado era negociado amplamente em paridade com o ether.
No entanto, quando os mercados de criptomoedas sofreram fortes perdas no mês passado, o valor do stETH despencou para um desconto de cerca de 8% em relação ao ether.
O preço se recuperou um pouco - stETH atualmente é negociado com um desconto de 4% em relação ao ether - mas não voltou à paridade, em parte devido ao impacto da fusão atrasada.
Os principais investidores do stETH incluem o banco de criptomoedas Celsius, que recentemente causou um colapso do mercado de criptomoedas ao proibir saques e transferências.
ALGUM INTERESSADO?
O projeto stETH foi popular porque, embora os investidores possam ganhar juros em outros lugares ao apostarem seus ethers, para fazer isso eles devem bloquear um mínimo de 32 ethers (atualmente cerca de 38 mil dólares) até que a rede seja atualizada para o novo padrão.
Mas os repetidos atrasos na fusão estão testando os nervos dos investidores de stETH.
A preocupação é que a liquidez esteja secando rapidamente na Curve, disse Ryan Shea, economista de criptomoedas da fintech Trakx.io. A liquidez stETH da Curve caiu pela metade desde meados de maio, de acordo com os dados da plataforma.
"Você terá que encontrar fontes alternativas se quiser vender uma grande quantidade de stETH", disse Shea, como colocar stETH como garantia em outro protocolo de empréstimo.
"Mas neste ambiente em que as pessoas estão olhando atentamente para companhias de financiamento em criptomoedas, se alguém estará preparado para aceitar esse negócio, eu não sei."