Segundo um relatório da Circle publicado nesta terça-feira (20), a stablecoin USDC tem como maior parte do lastro quantias em dólar. Contudo, não se trata da totalidade, assim como a Tether e seu USDT.
Desta forma, o lastro do USDC é em “ativos cujos preços são determinados em dólar”. De qualquer forma, o relatório revela que os US$ 22,176 bilhões em USDC são lastreados por diferentes garantias.
Lastro do USDC
O relatório foi emitido junto com a Grant Thornton, famosa empresa de auditoria. Entretanto, pelo menos no Brasil, seu histórico não é dos melhores — a companhia atestou que a Atlas Quantum possuía os Bitcoins de seus clientes.
Cerca de 61% da reserva da Circle é composta de “dinheiro e equivalentes de dinheiro”. Outros 13% são lastreados por certificados de depósito em dólares emitidos por “bancos estrangeiros”.
Além disso, cerca de 12% são garantidos por títulos do tesouro dos Estados Unidos, enquanto 9% do lastro é resguardado por “obrigação de dívida” — ou seja, notas promissórias.
O restante se divide em 5% do lastro representado também por obrigações de dívidas, mas com maturidade de 3 ou mais anos, e 0,2% de títulos municipais.
Entretanto, diferente da Tether, a Circle não detalha como os 61% de “dinheiro e equivalentes” se dividem. Ou seja, não se sabe quanto de dinheiro a empresa realmente tem em caixa.
Considerando o cenário atual nos Estados Unidos, no qual reguladores correm para criar estruturas legais para stablecoins, não se sabe se esse relatório é um ponto positivo.
Stablecoins são mesmo estáveis?
Em maio deste ano, a Tether divulgou um relatório envolvendo o lastro da stablecoin USDT. Constatou-se que menos de 3% do lastro da stablecoin é baseado em dinheiro em caixa.
Vale ressaltar que o lastro do USDT é composto por 76% de “dinheiro e equivalentes de dinheiro”. Caso a Circle siga a mesma proporção da Tether, é possível que a proporção entre tokens emitidos e dinheiro em caixa seja igualmente desproporcional para o USDC.
Tal fato preocupa, uma vez que USDT e USDC são as duas stablecoins mais utilizadas no mercado. Não apenas isso, mas o lastro dependente de tantos títulos pode não agradar reguladores.
Outro ponto importante é a intenção da Circle de abrir capital. É possível, nesse sentido, que o lastro do USDC se torne ainda mais “diversificado”.
Embora não haja nada de novo em relação ao que os bancos fazem, o mercado de criptomoedas sempre parece receber um tratamento mais duro. Assim, resta aguardar as próximas ações dos reguladores estadunidenses.