A mineração de criptomoedas está crescendo na Argentina, segundo uma recente reportagem da Bloomberg. Além do crescimento, a prática também tem se mostrado rentável por conta dos baixos custos com energia.
O notório enfraquecimento da moeda local, bem como as crises econômicas ocorridas no país, são tratados como propulsores do aumento da mineração.
Eletricidade barata
A Argentina já era considerada por empresas de mineração antes mesmo da proibição da atividade na China. Isso porque o país sul-americano oferece taxas de energia elétrica atrativas.
“Mesmo após a correção de preço do Bitcoin, o custo da eletricidade para quem está minerando [na Argentina] é uma fração da receita total gerada”, disse o minerador Nicolas Bourbon à Bloomberg.
Especialistas enxergam a facilitação da atividade no país como forma de lucrar com economias alternativas. Não é de hoje que os argentinos recorrem às criptomoedas para driblar crises econômicas.
Atualmente, a Argentina vive um período de recessão, agravada pela pandemia. Além disso, a taxa de inflação em torno de 50% ao ano e a restrição de converter a moeda local até o máximo de US$ 200 por mês contribuem para agravar a situação dos argentinos.
“As criptomoedas que os mineradores geram, normalmente, são vendidas à taxa de câmbio paralela. Contudo, a energia é paga a uma taxa subsidiada. […] No momento, as receitas são muito altas”, disse Bourbon.
Solo atrativo Empresas de mineração começaram a se movimentar para lucrar no país. Em abril, a Bitfarms, do Canadá, disse que fechou um acordo com o governo argentino para extrair até 210 megawatts de eletricidade movida a gás natural.
Caso a companhia siga com seu planejamento, seu pool de mineração será o maior de Bitcoin na América do Sul.
“A atividade econômica na Argentina está baixa e a energia não está sendo totalmente utilizada. Portanto, era uma situação de ganha-ganha”, disse Geoffrey Morphy, presidente da Bitfarms.
Embora a Argentina importe sua reserva de gás, as contas de luz representam cerca de 2% a 3% de uma renda mensal. Segundo Ezequiel Fernandez, analista da Balanz Capital Valores, países como Brasil, Colômbia e Chile cobram até duas vezes mais caro.
“Para certos geradores de energia, com acesso ao gás, vender energia excedente para mineradores durante uma parte do ano faz sentido. Especialmente se o gerador evita os controles de câmbio, sendo pago em dólares fora da Argentina, ou em Bitcoin”, explicou Fernandez.