Em abril, a Lightning Network ganhou a capacidade de transacionar stablecoins lastreadas no dólar. A medida abriu a possibilidade que a rede do Bitcoin (BTC) pudesse receber suas próprias stablecoins.
Três meses depois, um protocolo chamado Fuji Money trouxe justamente esta possibilidade. Através da ferramenta, usuários poderão emprestar e fazer empréstimos de ativos na rede do BTC.
Na prática, o protocolo cria um ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) na Liquid Network, segunda camada do BTC. A princípio, o protocolo vai autorizar transações em uma stablecoin própria, a Fuji USD (fUSD).
Os usuários poderão depositar BTC como garantia no contrato inteligente. Em troca, será possível fazer empréstimos de fUSD. Além da Liquid, os usuários podem utilizar a Lightning Network para realizar a operação diretamente.
Mas o Fuji Money não está restrito ao uso de stablecoins. Conforme explicaram os criadores do protocolo, ele permitirá a criação de diversos ativos tokenizados na blockchain. Ou seja, ações e até títulos de dívida, todos colateralizados em BTC.
Empréstimos no Bitcoin
Qualquer pessoa poderá solicitar um empréstimo de fUSD, desde que tenha uma carteira com acesso à Liquid Network. A empresa Blockstream é responsável pela manutenção da rede, o que significa que os usuários podem acessá-la por meio da Green Wallet, por exemplo.
Com o acesso à Liquid, basta enviar os BTC para o contrato inteligente da rede. Em seguida, o usuário pode utilizar o valor da garantia para pedir emprestado o ativo sintético. Também é possível realizar o processo inverso, isto é, eliminar o ativo sintético e desbloquear a garantia em BTC.
No entanto, o risco está na volatilidade do preço do BTC, que pode cair abaixo do que foi dado de garantia. Se isso acontecer, o contrato queima os ativos sintéticos e pode confiscar a garantia, liquidando a operação. O oráculo do protocolo elabora um relatório final do processo, incluindo o preço de liquidação.
Para impedir a liquidação, o mutuário pode fazer um novo contrato e utilizar a garantia já existente. Basta criar novos parâmetros e depositar um valor complementar no contrato.
DeFi sem risco de perda
O protocolo Fuji atua como emissor e também finaliza as operações dos empréstimos. Dessa forma, todas as operações com os ativos sintéticos são automatizadas nos protocolos. Mas o Fuji possui um diferencial: ele não tem acesso às garantias bloqueadas no contrato inteligente.
Logo, as chances de que um hacker possa invadir a rede e atacar o contrato, roubando os fundos, são praticamente nulas. Todos os parâmetros são escolhidos pelo usuário, desde o índice de garantia mínima até o ativo que deseja emprestar. O Fuji apenas verifica se a garantia satisfaz o valor solicitado e faz a emissão.
Portanto, trata-se de mais um passo em direção a uma maior adoção do BTC como protocolo base para construção de projetos em DeFi.