BRASÍLIA (Reuters) - O candidato à Presidência pelo PSDB, senador Aécio Neves, disse nesta quarta-feira que os problemas econômicos do país não decorrem da crise financeira internacional, mas sim ao atual governo que levou o Brasil a um quadro de estagflação e "perda de credibilidade".
"Todos nós sabemos, todos nós acompanhamos as diferenças da crise internacional... em 2008 e 2009, mas os resultados pífios da economia brasileira são consequências de brasileiros e fruto das opções erradas que o governo fez nos últimos anos", afirmou o tucano, durante apresentação a empresários na Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Nós viemos ao longo desses últimos anos aprendendo, infelizmente, a conviver com aquilo que poderíamos chamar de contabilidade criativa,... que minou aquilo que é fundamental para o crescimento da economia e dos investimentos... que é o instituto de credibilidade", criticou Aécio.
Para ele, que está em segundo lugar na corrida presidencial, o país investe pouco em infraestrutura e precisa dobrar a média atual de cerca de 2,5 por cento do PIB em investimentos nesse setor. Aécio não explicou, porém, como isso seria feito.
Mas o tucano detalhou como pretende retomar a competitividade da indústria e apontou seis mudanças que planeja fazer.
Disse que é preciso investir em qualificação da educação; dar um choque de atração do capital para investimentos em infraestrutura; uma taxa de juros mais baixa, que não pode ser adotada por voluntarismo e sim pela melhoria da confiança na economia.
Segundo ele, também será preciso um real mais desvalorizado para ajudar na competitividade. "Hoje vivemos de populismo cambial,... o governo busca conter a inflação por política cambial". E prometeu simplificar o sistema tributário por meio da adoção de um IVA (Imposto de Valor Agregado).
Aécio apontou também para uma mudança no funcionamento do Mercosul, que segundo ele trava os acordos comerciais do país.
"O Mercosul, a grande realidade é essa, vem nos amarrando. Quem sabe sua transformação de união aduaneira para área de livre comércio,... para facilitar acordo com outras regiões do mundo", argumentou.
Mais cedo, o candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, também apresentou suas propostas para o empresariado e disse que enviará ao Congresso um projeto de reforma tributária na primeira semana de governo e que defenderá a regulamentação da terceirização no mercado de trabalho.
À tarde, a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição do PT, apresentará suas propostas no evento.
A CNI apresentou aos candidatos 42 estudos que, na avaliação do setor, podem melhorar a competitividade da indústria, se as medidas sugeridas forem adotadas. A indústria tem registrado queda no nível da atividade e perda de postos de trabalho.
(Reportagem de Jeferson Ribeiro e Maria Carolina Marcello)