Por Nidal al-Mughrabi
GAZA (Reuters) - Semanas de protestos violentos por parte de jovens em Gaza enviaram uma mensagem sobre a terrível asfixia financeira no enclave bloqueado por Israel, segundo economistas e até mesmo algumas autoridades israelenses de alto escalão, e medidas de alívio podem estar a caminho.
Aparentemente, os protestos, organizados por grupos de jovens, mas apoiados pelo movimento islâmico Hamas, que governa Gaza, foram sobre o tratamento de prisioneiros palestinos em prisões israelenses e visitas de grupos judeus ao complexo da mesquita de Al Aqsa, um local sagrado para muçulmanos e judeus, que o conhecem como o Monte do Templo.
Mas uma autoridade de alto escalão israelense observou a relativa contenção do Hamas, que não se juntou oficialmente aos protestos nem lançou mais foguetes contra Israel. Ele sugeriu que o motivo mais imediato para a agitação era menos as queixas de longa data relacionadas à causa nacional palestina e mais a miséria econômica de Gaza.
"Os protestos são por causa de dinheiro", disse a autoridade israelense, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto. "O que estamos vendo na cerca (da fronteira) é uma mensagem. Eles estão pedindo ajuda financeira."
Cerca de 2,3 milhões de pessoas vivem na estreita faixa costeira, onde a renda per capita é cerca de um quarto do nível da Cisjordânia ocupada por Israel e onde mais da metade da população vive abaixo da linha da pobreza, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Fontes próximas à mediação disseram que, embora algumas das exigências do Hamas sejam políticas, o relaxamento das sanções econômicas contra Gaza é fundamental para, pelo menos, manter a calma ao longo da fronteira.
As fontes esperam que Israel, que, juntamente com o Egito, mantém um bloqueio rígido à Faixa de Gaza que ajudou a paralisar sua economia, anuncie mais flexibilizações nos próximos dias, incluindo centenas de outras permissões para trabalhar em Israel.
Desde 2021, quando travou uma guerra de 10 dias com o Hamas, Israel flexibilizou algumas restrições a Gaza, oferecendo milhares de permissões de trabalho, bem como medidas para facilitar as exportações e melhorar seus serviços públicos dilapidados após anos de subinvestimento.
CESSAR-FOGO FRÁGIL
Um relatório recente do FMI afirmou que, para qualquer recuperação econômica estável e de longo prazo em Gaza, "o levantamento do bloqueio e a flexibilização das restrições impostas por Israel são essenciais".
Com uma taxa oficial de desemprego em Gaza de mais de 46%, o próprio Hamas tem enfrentado um descontentamento crescente em relação à sua gestão econômica, embora, por sua vez, o movimento culpe o bloqueio israelense pelos problemas econômicos do enclave.
"Se houver uma explosão, que seja contra o partido que criou essas condições, que é a ocupação (israelense)", disse Bassem Naim, autoridade graduada do Hamas.
Ciente do potencial de agravamento da instabilidade em Gaza, Israel emitiu mais de 18 mil permissões de trabalho para os palestinos de lá, o que permitiu que os trabalhadores trouxessem cerca de 2 milhões de dólares por dia e ofereceu outras formas de alívio econômico.