Por Alister Doyle
OSLO (Reuters) - Guardas de fronteira russos começaram a rir quando o refugiado sírio Wassem Khatib pedalava com dificuldade uma bicicleta de criança na passagem de um posto fronteiriço no remoto Ártico, tentando equilibrar um violão, uma mochila e uma mala pesada para buscar asilo na vizinha Noruega.
Em um raro momento de descontração na pior crise de imigração na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, Khatib disse ter comprado a velha bicicleta para cumprir uma lei russa que impede a travessia da fronteira a pé.
"A bicicleta não funcionou muito bem. Os guardas de fronteira ficaram rindo", disse Khatib, de 25 anos, que chegou à Noruega na semana passada com seu amigo, Nabeeh Samaan, de 31. Eles disseram que tinham viajado de Beirute para a Rússia para evitar o serviço militar na Síria.
Depois de pegarem um táxi perto da fronteira, Khatib disse que colocou violão e mochila nas costas e pedalou pelos últimos 100 metros do limite entre os dois países, puxando sua mala em rodinhas, e quase caiu.
"Minha bicicleta era maior e mais fácil de pedalar", disse Samaan, em um centro de refugiados em Oslo.
A polícia diz que pelo menos 400 sírios chegaram à Noruega este ano através de uma rota longa, pela fronteira do Ártico, anteriormente um posto avançado da Guerra Fria entre a Otan e a União Soviética.
"Os números estão subindo de forma constante", disse Hans Moellebakken, chefe de polícia na cidade norueguesa de Kirkenes, perto da fronteira, em declaração à Reuters nesta sexta-feira. Em todo ano de 2014, apenas 12 refugiados tinham cruzado a fronteira.
Para alguns, o caminho parece menos arriscado e mais barato do que uma viagem através do Mediterrâneo. Os refugiados têm que deixar as bicicletas na fronteira norueguesa - Moellebakken estima que lá estejam agora cerca de 150 - e depois são levados para Oslo.
Khatib e Samaan contaram que a viagem custou 1.600 dólares cada. Depois de obter um visto para visitar a Rússia, eles voaram de Beirute a Moscou em 16 de setembro e, no dia seguinte, seguiram para o porto russo de Murmansk, no Ártico, de onde pegaram o táxi até a fronteira.